Marquei em vermelho uma observação absolutamente pertinente. Esta crise não tem nada a ver com o mantra "o poder corrompe" que as viúvas do PT não cansam de proclamar como a origem da decadência moral do partido da ética. É a velha e má "causa" que lhes deu passe livre. "Os fins justificam os meios", ou nessa versão mezzo Lenin, mezzo Gramsci "O FMI justifica os meios"..
Pena que no parágrafo seguinte o autor não reconheça isso e descreva o resultado do processo assim: "Devolveu o Partido dos Trabalhadores ao seu tamanho natural, igual em virtudes e defeitos a todos os grupamentos humanos, inclusive os tão mal-afamados partidos políticos....Deixem o PT sobreviver e viver para o futuro, agora que ele completou a sua maioridade. "
Como um partido revolucionário em que os fins justificam os meios poderia ser igual aos outros partidos políticos? Deixar o PY "sobreviver" significa o retorno ao velho radicalismo, ainda mais à esquerda. Uma nova tentativa usando os mesmos "belos" objetivos será a próxima etapa. Seja no PT mesmo ou no seu clone-radical o P-Sol.
Os democratas de plantão devem ficar atentos à isso e não deixar isso acontecer.
Os radicais são eles, não nós!
E, Ibsen, acorda!!!
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26.09.2005
A PIZZA IMPOSSÍVEL
por por Ibsen Pinheiro, no Blog do Noblat
Pena que no parágrafo seguinte o autor não reconheça isso e descreva o resultado do processo assim: "Devolveu o Partido dos Trabalhadores ao seu tamanho natural, igual em virtudes e defeitos a todos os grupamentos humanos, inclusive os tão mal-afamados partidos políticos....Deixem o PT sobreviver e viver para o futuro, agora que ele completou a sua maioridade. "
Como um partido revolucionário em que os fins justificam os meios poderia ser igual aos outros partidos políticos? Deixar o PY "sobreviver" significa o retorno ao velho radicalismo, ainda mais à esquerda. Uma nova tentativa usando os mesmos "belos" objetivos será a próxima etapa. Seja no PT mesmo ou no seu clone-radical o P-Sol.
Os democratas de plantão devem ficar atentos à isso e não deixar isso acontecer.
Os radicais são eles, não nós!
E, Ibsen, acorda!!!
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26.09.2005
A PIZZA IMPOSSÍVEL
por por Ibsen Pinheiro, no Blog do Noblat
Os ruídos da crise política ocupam todos os espaços de mídia e se fazem acompanhar de alguns rumores singulares, todos eles recorrentes e dois aparentemente opostos, mas componentes de um mesmo quadro: serão as CPIs, afinal de contas, cúmplices lenientes ou carrascos implacáveis? Há tomadores para todos os gostos, especialmente nas mais bem intencionadas opiniões jornalísticas.
Dia desses, num programa da Rádio Guaíba - sou chamado como se fosse um especialista, por ter conhecido as duas pontas do chicote - contestei ao vivo o jovem repórter que, na melhor das intenções, e com plena convicção, prognosticava uma gigantesca pizza, por temer que nem todas as cassações se confirmassem.
Impossível, eu disse, atalhando. Esta crise já não deu em pizza, como, aliás, geralmente acontece com a investigação parlamentar: ela pode não confirmar o prognóstico, geralmente porque o supera. É por isso que se diz, reiteradamente, que uma CPI sabe-se como começa, não como termina.
É como uma catarse, não pode ser concebida sem a mais ampla e massiva cobertura da imprensa, e, nesses macro-acontecimentos, o excesso não é um acidente, é quase uma inevitabilidade. E tal como na liberdade de imprensa, é melhor conviver com o excesso do que adotar os remédios restritivos tantas vezes propostos, a censura e o controle, que mais matam o paciente do que curam a doença.
Resumindo, tanto a investigação parlamentar quanto a liberdade de imprensa valem bem os excessos que praticam.
Há quem veja a investigação parlamentar como um caso de polícia, e, embora as semelhanças, a diferença é fundamental. Incrível é que a principal semelhança é seguidamente desprezada: no julgamento criminal ou político, impõe-se o devido processo legal e não se decide corretamente sem provas e sem fatos.
Julgamento político não é licença para cometer injustiça, como também não o são os julgamentos administrativos e até os esportivos. Mas a diferença também, freqüentemente, não é percebida, a de que nos julgamentos políticos o efeito é político e este, no episódio atual, já aconteceu. Pelo menos o efeito principal: o desmonte da máquina petista.
José Dirceu enxergou com perfeita lucidez e, ao mesmo tempo que nega participação nas deformações extralegais, assume sua responsabilidade política e, com toda a razão, cobra o mesmo de seus parceiros. Corre o perigo de ficar falando sozinho, quando o mais eminente de todos insiste na negação pura e simples, como os três macaquinhos que não vêem, não escutam e não dizem nada. Seria de esperar que, quem copiou tanta coisa do velho Partidão, bem podia relembrar a velha e saudável autocrítica.
Não temos meios de saber se serão dois ou dezoito os cassados, mas, salvo para eles, esse é um ponto secundário. O ângulo principal é o político, porque é de responsabilidade política que se trata. E o Brasil já sabe, com certeza científica, que não estamos meramente presenciando alguns casos particulares de desvios de conduta, já de si graves, mas assistindo ao desmonte de um poderoso e articulado projeto de poder, capaz de projetar-se no tempo em estilo mexicano, não lhe faltando, sequer, uma causa.
O principal desvio petista não se mede por delúbios ou silvinhos, ainda que se lhes prove a delinqüência. Foi "a causa" que fez o partido perder os seus rumos, a causa sacralizadora de todos os atos e justificadora de todos os meios, numa prática que não é nova nem original, mas é velha como o autoritarismo e sua linguagem sedutora, a mesma que serviu aos monges da inquisição e aos quadros políticos do fascismo, do stalinismo e do nazismo, todos eles autoproclamados superiores no plano moral e na pureza dos objetivos.
Esta investigação já não deu em pizza. Devolveu o Partido dos Trabalhadores ao seu tamanho natural, igual em virtudes e defeitos a todos os grupamentos humanos, inclusive os tão mal-afamados partidos políticos. E isso é irreversível, dispensando até mesmo a fúria devastadora de alguns adversários que, no mesmo radicalismo estilo petista, desejam a destruição e o sepultamento do adversário. Ao contrário, deixem o PT sobreviver e viver para o futuro, agora que ele completou a sua maioridade.
Até por que, destruí-lo pode equivaler a encomendar o surgimento de um novo projeto pretensa e igualmente puro, igualmente superior, igualmente implacável, para acabar igualmente misturado a um mensalão da vida, perigo constante enquanto não nos livrarmos do messianismo como prática política.
Dia desses, num programa da Rádio Guaíba - sou chamado como se fosse um especialista, por ter conhecido as duas pontas do chicote - contestei ao vivo o jovem repórter que, na melhor das intenções, e com plena convicção, prognosticava uma gigantesca pizza, por temer que nem todas as cassações se confirmassem.
Impossível, eu disse, atalhando. Esta crise já não deu em pizza, como, aliás, geralmente acontece com a investigação parlamentar: ela pode não confirmar o prognóstico, geralmente porque o supera. É por isso que se diz, reiteradamente, que uma CPI sabe-se como começa, não como termina.
É como uma catarse, não pode ser concebida sem a mais ampla e massiva cobertura da imprensa, e, nesses macro-acontecimentos, o excesso não é um acidente, é quase uma inevitabilidade. E tal como na liberdade de imprensa, é melhor conviver com o excesso do que adotar os remédios restritivos tantas vezes propostos, a censura e o controle, que mais matam o paciente do que curam a doença.
Resumindo, tanto a investigação parlamentar quanto a liberdade de imprensa valem bem os excessos que praticam.
Há quem veja a investigação parlamentar como um caso de polícia, e, embora as semelhanças, a diferença é fundamental. Incrível é que a principal semelhança é seguidamente desprezada: no julgamento criminal ou político, impõe-se o devido processo legal e não se decide corretamente sem provas e sem fatos.
Julgamento político não é licença para cometer injustiça, como também não o são os julgamentos administrativos e até os esportivos. Mas a diferença também, freqüentemente, não é percebida, a de que nos julgamentos políticos o efeito é político e este, no episódio atual, já aconteceu. Pelo menos o efeito principal: o desmonte da máquina petista.
José Dirceu enxergou com perfeita lucidez e, ao mesmo tempo que nega participação nas deformações extralegais, assume sua responsabilidade política e, com toda a razão, cobra o mesmo de seus parceiros. Corre o perigo de ficar falando sozinho, quando o mais eminente de todos insiste na negação pura e simples, como os três macaquinhos que não vêem, não escutam e não dizem nada. Seria de esperar que, quem copiou tanta coisa do velho Partidão, bem podia relembrar a velha e saudável autocrítica.
Não temos meios de saber se serão dois ou dezoito os cassados, mas, salvo para eles, esse é um ponto secundário. O ângulo principal é o político, porque é de responsabilidade política que se trata. E o Brasil já sabe, com certeza científica, que não estamos meramente presenciando alguns casos particulares de desvios de conduta, já de si graves, mas assistindo ao desmonte de um poderoso e articulado projeto de poder, capaz de projetar-se no tempo em estilo mexicano, não lhe faltando, sequer, uma causa.
O principal desvio petista não se mede por delúbios ou silvinhos, ainda que se lhes prove a delinqüência. Foi "a causa" que fez o partido perder os seus rumos, a causa sacralizadora de todos os atos e justificadora de todos os meios, numa prática que não é nova nem original, mas é velha como o autoritarismo e sua linguagem sedutora, a mesma que serviu aos monges da inquisição e aos quadros políticos do fascismo, do stalinismo e do nazismo, todos eles autoproclamados superiores no plano moral e na pureza dos objetivos.
Esta investigação já não deu em pizza. Devolveu o Partido dos Trabalhadores ao seu tamanho natural, igual em virtudes e defeitos a todos os grupamentos humanos, inclusive os tão mal-afamados partidos políticos. E isso é irreversível, dispensando até mesmo a fúria devastadora de alguns adversários que, no mesmo radicalismo estilo petista, desejam a destruição e o sepultamento do adversário. Ao contrário, deixem o PT sobreviver e viver para o futuro, agora que ele completou a sua maioridade.
Até por que, destruí-lo pode equivaler a encomendar o surgimento de um novo projeto pretensa e igualmente puro, igualmente superior, igualmente implacável, para acabar igualmente misturado a um mensalão da vida, perigo constante enquanto não nos livrarmos do messianismo como prática política.
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