Tenho lido em blogs como o Se Liga declarações de arrependimento sobre, por exemplo o Brock ("ter ouvido e até gostado de uma música - 'Até quando esperar' / Plebe Rude - com um refrão esfericamente imbecil como este, faz parte da minha lista de vergonhas passadas...") e opiniões sobre "como eram bons os tempos da ditadura" do meu companheiro de blog, o
Icarus que me fizeram cometer este post "elucidativo".
A minha opinião é de que, bem, ambos estão parcialmente corretos.
Concordo que num primeiro momento a revolução 64 atingiu o seu objetivo, que foi de colocar o Brasil novamente no eixo da paz, ordem e do desenvolvimento. Depois do sucesso inicial e de ganhar corações e mentes até pelo menos o final do Governo Médici, o respaldo popular a favor do movimento começou a enfraquecer - assim como a qualidade dos governos militares - culminando 20 anos depois no movimento das Diretas já e o tão esperado fim da ditadura.
O por que disto tem suas razões, vou enumerá-las:
- A revolução foi "envergonhada": com o ímpeto de impedir a propagação das idéias "comunistas" o governo usou da censura de forma pesada, eliminando o debate político. O estrago foi o de não mostrar ao país os fatos reais acerca do movimento de 64 e o perigo que o país enfrentou em suas instituições democráticas. Falar de política no Brasil virou tabu. Toda uma geração - como a minha - cresceu sem saber nada sobre estes fatos, como se o governo tivesse vergonha de seus atos. Isto fez com que as versões dos derrotados - na maior parte mentiras deslavadas acerca da luta pela "democracia" dos heróicos esquerdistas - mas na prática a única existente, começasse a se tornar a realidade. No começo isto não "colou" muito , mas na medida que o modelo econômico fazia água e a insatisfação da população crescia estas estórias começaram a virar realidade.
-Foi longa demais: Vinte e um anos sem votar para presidente ã tempo demais! A sociedade brasileira já tinha amadurecido e estava preparada para voltar ao controle do país muito mais cedo. Se isto tivesse acontecido, poderíamos ter um governo civil de direita - nesta época o discurso de esquerda ainda não tinha dominado o ambiente - que pudesse corrigir o rumo do modelo, que já fazia água seria o ideal).
-O viés paternalista : A ditadura militar tinha de fazer o seu dever de casa que era transmitir às gerações mais novas - como a minha - seus reais motivos. Ao invés disso se lançou numa prática censora da mídia que, com o intuito inicial de impedir a propagação de idéias subversivas, ao longo do percurso perdeu o foco e passou a pautar e tutelar a sociedade brasileira na defesa da moral de dos bons costumes. Isto acontecia através da censura a todas as manifestações artística/midiáticas como música, cinema, imprensa e televisão.
Se foi branda, pode se dizer que sim, mas teve episódios tão ridículos e desnecessários que sã ativaram a sociedade contra ela, como o caso do "Laranja Mecânica" (filme de 74 que sã assisti com abomináveis "bolinhas pretas" nos idos de 1979) e do Sítio do Pica-pau Amarelo! Isto mesmo O programa infantil teve uma cena de Zilka Salaberry (que interpretava a Dona Benta) cortada pela censura pois sua personagem parecia PENSAR algo inadequado...
- Modelo equivocado:Hoje se fala tanto nos conceitos de clássicos de direita conservadora e liberal que até parece que o movimento de 64 se pautou por elas. Isto ã uma uma falácia
No início sim, com Castelo Branco e Bulhões/Roberto Campos na economia a rota da ortodoxia foi seguida e bem implementada. Com a criação da correção monetária tivemos outro sucesso inicial em combater a inflação Outro acerto fenomenal foi o de investimentos em infra-estrutura, com projetos visionários bem-sucedidos (Itaipu, melhoria da malha rodoviária comunicações) e também mal sucedidos (Transamaònica, Angra I,II,III).
O problema ã que no coração de um regime de direita batia um coração de esquerda. O modelo estatizaste adotado pelos militares sã encontraria paralelo em países comunistas como a própria União Soviética
O fato que a estatização e as grandes obras criaram um passivo enorme, que começava a pressionar novamente a chama da inflação
Não nos livramos da revolução socialista iminente em 64 para cair nisso. Não merecíamos Parece que no calor da batalha, os militares trocaram o script com os revolucionários de esquerda...
Outro sintoma esquerdista foi o afastamento diplomático do Brasil com o Estados Unidos.
Na diplomacia externa, por exemplo, durante todo o governo militar o Brasil ficou no grupo dos países "não-alinhados" -grupo de países "neutros" durante a guerra fria, isto ã, que não pendiam nem para os EUA nem para a URSS. Isto na fachada, pois na verdade o grupo era uma manipulação da União Soviética para minar o grau de influência dos EUA na ONU.
Soma-se a isso o acordo nuclear Brasil- Alemanha, que quebrou um protocolo de intenções com o governo americano e temos um retrato de um regime bem anti-americano. Isto tudo com um governo republicano na Casa Branca. A coisa então piorou com a eleição de Jimmy Carter em 1976 (desculpa algum eventual erro nas datas mas estou escrevendo de cabeça..).
O anti-americanismo de nosso exército ã marcante até hoje: ao invés de se preocupar com a invasão da Amazônia pelos narco-traficantes das FARC, boa parte da caserna prefere acreditar em estórias da carochinha sobre a tomada da Amazônia pelos EUA...
- Modelo econômico II: Perdemos uma grande chance de fazer de se fazer uma bela reforma do estado. Poderíamos ter nos livrado da Era Vargas neste período Se fizéssemos como o Chile que privatizou e modernizou sua economia durante ao mandato Pinochet teríamos chegado ã estabilidade mais cedo. A falta de uma revisão do modelo fez com que a inflação voltasse a pressionar, chegando em 1980 ã casa dos insuportáveis 100% ao ano. A decadência do regime era evidente. Começando em grande estilo com Castelo Branco, agora tínhamos que agüentar um Figueiredo resmungando sobre preferir o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.
-Terror/Tortura: Sim houve tortura sim. Em 1975 ficou evidente no assassinato do repórter Herzog (admitido pelo próprio presidente Geisel em entrevista ). E com outra tortura e assassinato do operário Manuel Fiel Filho, em 17 de janeiro de 1976. Havia algo de podre nos porões do regime Geisel: o governo perdeu controle sobre sua facção anti-terror. Os excessos aconteceram. Houve também terror de direita no período sim. Bem menor do que o implantado nos 60 pelos revolucionários de esquerda mas que existiu, existiu como os casos RioCentro (81) e a explosão na OAB em (80).
Com tudo isto era realmente muito legal poder cantar - finalmente - em 1985 com o fim da ditadura versos como "Com tanta riqueza por aí aonde está cadê sua fração?" . Não precisávamos mais de metáforas para dizer ou falar de política novamente.
Não me envergonho de ter apreciado - e ainda gosto - da Plebe Rude. Hoje este discurso ã uma piada e sã vale como "recuerdo" desta época O nome do disco "O Concreto Já Rachou" era uma ironia com Brasília e o regime pois já estávamos fartos da tal ditadura e queríamos - e tínhamos o direito a isso - de volta os destinos do país Principalmente eu com meus 21 aninhos, louco para votar para presidente!!!
Para finalizar: Sã se vai para a frente, gente. Não consigo encarar o regime de 64 como um modelo a seguir. Apesar de concordar com o fato de a inflação ter sido baixa (parcialmente certo), a violência praticamente não existir e que o país se desenvolveu, a receita Keynesiana desandou logo ã frente - como toda receita Keynesiana - pois não ã o governo que deve bancar o desenvolvimento do país, ã a iniciativa privada. Novamente o mesmo erro foi cometido e uma grande chance foi perdida.
Resumo: Não temos modelos a seguir... O Brasil ainda é uma página em branco em termos de sucesso econômico duradouro...
sexta-feira, agosto 22, 2003
Os anos 80 e a ditadura...
Eestou escrevendo este post para dar a minha visão sobre os fatos.
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terça-feira, agosto 19, 2003
A Onda do Flash Mob e Software Livre
Li na ZH de hoje sobre a estr�ia em territ�rio nacional da nova mania mundial: O "flash-mob", que � um encontro - melhor dizendo um "happening" - agendado entre desconhecidos pela internet para fazer algo inusitado em algum lugar.
Em S�o Paulo foi a vez do pessoal tirar os sapatos e matar baratas virtuais em plena Avenida Paulista.
O que quero chamar a aten��o � que no meio do evento apareceram algumas pessoas com cartazes de "protesto" inacredit�veis como "contra burgu�s - baixe MP3".(!!!???).
Depois fui saber que o "protesto" veio do editor da revista Geek.
J� temos o tecno-comunismo!!!
S� no Brasil � mesmo para coisas t�o d�spares quanto comunismo e tecnologia andarem de m�os dadas. � um sintoma s�rio este em que at� iniciativas como o software livre - que � um elemento a mais dentro do mercado da TI - vira um instrumento de luta contra o pr�prio capitalismo, sendo o capitalismo o �nico sistema que produz as condi��es ideais para estas iniciativas, uma vez que premia o emprendedorismo, a criatividade e a competi��o. � incr�vel usar isto como arma contra o sistema.
Outra coisa not�vel � que apesar de ser criado na Europa, o Linux s� come�ou sua escalada mundial quando companhias americanas como a red hat entraram no jogo e no mercado. Infelizmente at� para seus planos de "domina��o mundial" dependem dos yankees...
Ora, bolas v�o reclamar para Fidel Castro...
Ali�s tem algum produto de software livre produzido em pa�ses como Cuba?
Que pergunta idiota... Nem software � livre em Cuba...
Li na ZH de hoje sobre a estr�ia em territ�rio nacional da nova mania mundial: O "flash-mob", que � um encontro - melhor dizendo um "happening" - agendado entre desconhecidos pela internet para fazer algo inusitado em algum lugar.
Em S�o Paulo foi a vez do pessoal tirar os sapatos e matar baratas virtuais em plena Avenida Paulista.
O que quero chamar a aten��o � que no meio do evento apareceram algumas pessoas com cartazes de "protesto" inacredit�veis como "contra burgu�s - baixe MP3".(!!!???).
Depois fui saber que o "protesto" veio do editor da revista Geek.
J� temos o tecno-comunismo!!!
S� no Brasil � mesmo para coisas t�o d�spares quanto comunismo e tecnologia andarem de m�os dadas. � um sintoma s�rio este em que at� iniciativas como o software livre - que � um elemento a mais dentro do mercado da TI - vira um instrumento de luta contra o pr�prio capitalismo, sendo o capitalismo o �nico sistema que produz as condi��es ideais para estas iniciativas, uma vez que premia o emprendedorismo, a criatividade e a competi��o. � incr�vel usar isto como arma contra o sistema.
Outra coisa not�vel � que apesar de ser criado na Europa, o Linux s� come�ou sua escalada mundial quando companhias americanas como a red hat entraram no jogo e no mercado. Infelizmente at� para seus planos de "domina��o mundial" dependem dos yankees...
Ora, bolas v�o reclamar para Fidel Castro...
Ali�s tem algum produto de software livre produzido em pa�ses como Cuba?
Que pergunta idiota... Nem software � livre em Cuba...
segunda-feira, agosto 18, 2003
Steven Spielberg errou a m�o...
Assisti neste fim-de-semana ao filme "Prenda-me se for capaz", e com ele pude chegar � conclus�o que a fase mais criativa do SP ficou no passado.
Ou apenas a sua atual fase deixa muito a desejar.
Este "Prenda-me..." � um filme decepcionante: como aventura gato-e-rato n�o tem supresas e � muito longa. Falta ritmo tamb�m. Parece que o cineasta desaprendeu a fazer filmes leves que N�o tenham efeitos especiais envolvidos.
O elenco tamb�m n�o foi dos melhores: quando o ator combina - Tom Hanks - o roteiro n�o ajuda, com pouca profundidade no personagem. Ao contr�rio do p�ssimo Leonardo di Caprio, um ator sofr�vel vivendo um protagonista muito aqu�m do que deveria. Algu�m do porte de um Tobey Maguire daria muito melhor conta do recado.
Resumo: dos tr�s �ltimos filmes do diretor s� se salva "A.I. - Intelig�ncia Artificial"...
Uma pena, mas todos os cineastas t�m o seu auge e tamb�m decad�ncia. Espero que no caso de SP seja apenas uma fase ruim...
Assisti neste fim-de-semana ao filme "Prenda-me se for capaz", e com ele pude chegar � conclus�o que a fase mais criativa do SP ficou no passado.
Ou apenas a sua atual fase deixa muito a desejar.
Este "Prenda-me..." � um filme decepcionante: como aventura gato-e-rato n�o tem supresas e � muito longa. Falta ritmo tamb�m. Parece que o cineasta desaprendeu a fazer filmes leves que N�o tenham efeitos especiais envolvidos.
O elenco tamb�m n�o foi dos melhores: quando o ator combina - Tom Hanks - o roteiro n�o ajuda, com pouca profundidade no personagem. Ao contr�rio do p�ssimo Leonardo di Caprio, um ator sofr�vel vivendo um protagonista muito aqu�m do que deveria. Algu�m do porte de um Tobey Maguire daria muito melhor conta do recado.
Resumo: dos tr�s �ltimos filmes do diretor s� se salva "A.I. - Intelig�ncia Artificial"...
Uma pena, mas todos os cineastas t�m o seu auge e tamb�m decad�ncia. Espero que no caso de SP seja apenas uma fase ruim...
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