sábado, setembro 04, 2004

Quebrando um mito da esquerda: A mobilidade social no Brasil é altíssima

Da última edição da Seleções (tirado da Superinteressante):
"Nosso elevador Social Funciona
Uma pesquisa recente derrubou o mito : o de que o Brasil é um país
onde não há espaço para a escenção social. O trabalho, de autoria dos
sociólogos José Pastore e Nelson do Valle Silva, mostrou que
a mobilidade social no país foi, durante o século vinte, maior até
mesmo do que em alguns países da Europa.
Desde os anos 70, quase 87% da população conquistou uma condição de
vida mehor ou igual a de seus pais, enquanto pouco mais de 13%
perderam posições nos estratos sociais"
Antonio Neto - Superinteressante

sexta-feira, setembro 03, 2004

London's Burning


Hoje, depois de mais de 14 anos voltei a ouvir um disco que marcou minha vida: "London Calling" do Clash.
Conheci a obra em 1981, quando entrei na faculdade.
Bueno, sei que eles não passavam de um bando de esquerdistas. Pior, bancando os mais "letrados" da cena punk inglesa. Mas o importante é que atrás da atitude havia música - e versos poderosos. Foram os primeiros a unir o reggae com o punk.

Ouvir The Clash em 1981 era um alívio: música seminal, cantando as dores das vidas das ruas, uma realidade palpável. Bem distante dos "platinum disks" colecionados pelos medalhões do rock de então , como Rod Stewart e os Eagles que cantavam as delícias de ser...bem, um rock star...

Por aqui a coisa era pior ainda: ouvir Chico Buarque e Ivan Lins em mais uma metáfora rebuscada sobre ditadura ("não lavei as mãos / é por isso que eu me sinto / cada vez mais limpo" - Ivan Lins) dava no saco. A alternativa era pior ainda ouvir Maria Bethânia em mais um sambolero derramado do Gonzaguinha celebrando as alegrias de ser mulher possuída pelo seu macho era demais..

A questão central era que o punk não tinha letras e ou atitudes que "queriam dizer" alguma coisa: elas simplesmente diziam!!!

Apesar de ter uma conotação totalmente anti-stablishment o punk nasceu de uma campanha de marketing poderosa... Acho que pode ser um exemplo típico de "nihilismo de mercado".

O Clash foi um produto típico deste desvairio: eram cultuados pela comunidade punk original, para serem logo taxados de "vendidos" quando assinaram o seu primeiro contrato para gravar um LP (é o que se dizia na época, folks..). Vá entender... Enquanto isso Malcom McClaren ganhava os tubos com os Sex Pistols (sinceramente, para mim os caras eram muito, muito ruins)..

Tudo isso para dizer que os sentimentos que este disco ainda me trazem são algo poderoso: uma nostalgia irada, uma inquietação nostálgica, lembranças da primeira trepada, angústia adolescente, os anos perdidos sob pilhas de livros (será que foram perdidos?), ouvir "The Card Cheat" enquanto devorava as páginas de "Demian" do meu eterno Hermann Hesse foram momentos de revela~ção marcantes para mim...

A música do Clash trazia os mesmos sentimentos despertados pela literatura de Hesse...

Enfim este é um disco fundamental."When they kick at your front door /How you gonna come? / Put your hands in your head / Or in the trigger of your gun" permanece atual...

Apesar de esquerdistas, meus agradecimentos eternos a Joe Strummer(in memoriam) e Mick Jones.

terça-feira, agosto 31, 2004

Esquerdismo letrado não passa de desonestidade intelectual !!



Como os ditos "intelectuais" de esquerda acabam transformando sua obra em propaganda disfarçada, usando seu intelecto para distorcer a percepção da realidade a fim de moldá-la aos seus ideais.

Pegue qualquer jornal, ou melhor, qualquer revista. Ou ainda, tente ir ao cinema. Não, não veja filmes nacionais - por demais ideológicos - veja os filmes da última safra Hollywoodiana. Ou deixe tudo isto de lado, compre um livro ou vá ouvir música.

O resultado será o mesmo: se você não quer saber de política nem se interessa pela eleições dos Estados Unidos, não terás escapatória. Em qualquer uma das situações acima descritas você estará em muitos casos não adquirido uma obra de arte ou uma informação que previamente se escolheu. Levarás de lambuja, escondida ou nem tanto assim um conteúdo para o qual não estava esperando: propaganda política das mais rasteiras.

E não estou falando de Michael Moore.

Atualmente, qualquer produto cultural traz embutido uma mensagem política. Nem se pode dizer que seja mensagem subliminar, uma vez que são bem explícitos os seus efeitos. Por "mensagem política" leia-se propaganda descarada esquerdista. Esquerdismo traduzido e travestido em suas palavras de ordem-mantras: "justiça social", "igualdade", "pacifismo", "politicamente correto", "cidadania" entre outros.

O ardor em que as tropas de elite desta guerra cultural (que já considero vencida, infelizmente) se empenham em fazer de cada evento cultural apenas um fundo, um cenário cuidadosamente planejado para que os atores da farsa desenvolvam sua propaganda travestida de arte é doentio.

É uma lástima que tantos "intelectuais" deixem de fazer uso do próprio intelecto em defesa de ideologias fracassadas e assassinas, mas que usem seu talento ao máximo para distorcer a realidade de modo a tornar tais ideiais não só críveis mas também desejáveis e perfeitamente justificáveis, ao passo que distorcem ao máximo as intenções do seu inimigo de classe de modo a obter uma reprovação total.

Mentira e desonestidade intelectual é o que praticam.
No Brasil temos também o caso inverso: além de intelectuais que emburrecem quando se trata de política, temos burros ou jumentos dotados de talento que - pela defesa dos mesmos ideiais retrógrados - ganham a aura de "intelectuais" de peso.


Estes artistas - vamos chamá-los assim pois é esta sua habilidade - tem o seu ofício muito característico. Não fazem arte. Fazem simples "trompe l'oleil".

"Trompe L´Oleil" pode ser traduzido ao pé da letra como "golpe de olho" ou "golpe de vista" e pode ser definido como uma forma de enganar a percepção. Os usos mais comuns desta forma de expressão é transformar superfícies planas em simulacros de objetos tridimensionais. O genial artista holandês MC Escher levou esta técnica ao estado da arte. Combinou o velho "trompe loeil" com uma precisão matemática criando obras enigmáticas e quebra-cabeças visuais.

Nossos intelectuais e formadores de opinião são os "anti-Escher" nesta jogada: tentam transformar seus ideais totalitários unidimensionais em realidades virtuais que resultam num atestado de traição à lógica e de sua própria inteligência no processo.
Pena que não temos críticos de arte em profusão neste país para denunciar o uso rasteiro de tais técnicas.

Como a obra de MC Escher reproduzida neste artigo, tais "condutores" das massas querem nos fazer acreditar que avançamos continuamente rumo ao "progresso" e "igualdade", sem nos deixar perceber que na realidade estamos há décadas andando em cérculos , que não vamos a lugar algum e que o prédio está prestes a desabar...

segunda-feira, agosto 30, 2004

Olavo de Carvalho no Primeira Leitura: algo a comemorar?

O site e revista Primeira Leitura, uma espécie de veículo não oficial do ideário social-democrata em nosso país,publicou pela segunda vez num período de poucas semanas um artigo de Olavo de Carvalho

Se o primeiro, "A arte do Porcumentário", uma ácida crítica ao "Fahrenheit 9/11" de Michael Moore, pode ser considerado como um ensaio à recepção do autor neste veículo - afinal não era um artigo típico de Olavo, foi disponibilizado somente na versão impressa e teve o título modificado para um anódino "Tiros na Lógica" - este vem com tudo o que Olavo conhece como ninguém: a deníncia da estratégia gramsciana de longo-termo da esquerda nacional para a tomada do poder.

Considerando o direcionamento do "Primeira.." , deve ter sido um choque para o leitor médio o artigo "Tubo Cortado", bombasticamente prefaceado pelo Reinaldo Azevedo.

Este acontecimento pode ser descrito de duas formas: um reconhecimento tardio ao trabalho do Olavo nestes últimos anos e também uma evidente mudança de postura na linha editorial da revista, o que é preocupante.

O reconhecimento é mais do que bem vindo pois Olavo de Carvalho é o pensador mais lúcido do Brasil atual, prevendo com muita antecedência, especialemtente durante a campanha de 2002, tudo o que os jornalistas agora "lamentam" no governo Lula. O mesmo que eles ajudaram a eleger com o maior engajamento e parcialidade. Não podemos, é claro, reconhecer também o papel de FHC (o nosso Kerensky) na vitória de Lula.

Por outro lado é preocupante a mundança da linha da revista. Preocupante pois revela um posicionamento mais crítico para com a esquerda dita revolucionária, aquela mesma com quem tem simpatias mais do que ocasionais.
O seu novo posicionamento revive o que historicamente aconteceu aos sociais-democratas europeus no século vinte. Um vai-e-vem de alianças e apoios que se moldavam ao gosto dos acontecimentos e da anti-propaganda comunista da época.
Isto acontece por causa da própria natureza da social-democracia, um meio caminho entre a economia de mercado e o controle estatal mas que só poderia nascer dentro de uma sociadade liberal e democrática. Os seres sociais-democratas são assim como um "elo perdido" entre a democracia liberal e o dirigismo estatal socialista. Esta ambiguidade se revela a todo o momento em suas atitudes: morrem de simpatia pelos ideais socialistas mas são eternamente gratos aos democratas liberais/conservadores pela própria existência..

As posições sociais-democratas mudam conforme os "humores" do momento: na segunda guerra se aliaram ao ocidente, com um viés anti-comunista fortíssimo; Já na deténte das décadas de 60 e 70 foram os primeiros a criticar o ocidente e a estender o tapete vermelho para os então "pacíficos" comunistas. E assim tem sido desde então. Quanto mais "reformista" é o regime comunista, maior o apoio dos sociais-democratas. Mas ao menor sinal de que o perigo "
vermelho" não está no pretérito perfeito e voltou ao presente do indicativo, levantam a ponte levadiçaa e aprofundam o fosso com os socialistas "radicais" enquanto voltam às boas com seus velhos aliados.

Parece exatamente com o caso atual.

Se até Olavo de Carvalho - um intelectual vigorosamente liberal e conservador - está nas páginas do "Primeira Leitura", devemos estar realmente à beira do abismo. Ou a uns cinquenta metros do chão.