segunda-feira, agosto 30, 2004

Olavo de Carvalho no Primeira Leitura: algo a comemorar?

O site e revista Primeira Leitura, uma espécie de veículo não oficial do ideário social-democrata em nosso país,publicou pela segunda vez num período de poucas semanas um artigo de Olavo de Carvalho

Se o primeiro, "A arte do Porcumentário", uma ácida crítica ao "Fahrenheit 9/11" de Michael Moore, pode ser considerado como um ensaio à recepção do autor neste veículo - afinal não era um artigo típico de Olavo, foi disponibilizado somente na versão impressa e teve o título modificado para um anódino "Tiros na Lógica" - este vem com tudo o que Olavo conhece como ninguém: a deníncia da estratégia gramsciana de longo-termo da esquerda nacional para a tomada do poder.

Considerando o direcionamento do "Primeira.." , deve ter sido um choque para o leitor médio o artigo "Tubo Cortado", bombasticamente prefaceado pelo Reinaldo Azevedo.

Este acontecimento pode ser descrito de duas formas: um reconhecimento tardio ao trabalho do Olavo nestes últimos anos e também uma evidente mudança de postura na linha editorial da revista, o que é preocupante.

O reconhecimento é mais do que bem vindo pois Olavo de Carvalho é o pensador mais lúcido do Brasil atual, prevendo com muita antecedência, especialemtente durante a campanha de 2002, tudo o que os jornalistas agora "lamentam" no governo Lula. O mesmo que eles ajudaram a eleger com o maior engajamento e parcialidade. Não podemos, é claro, reconhecer também o papel de FHC (o nosso Kerensky) na vitória de Lula.

Por outro lado é preocupante a mundança da linha da revista. Preocupante pois revela um posicionamento mais crítico para com a esquerda dita revolucionária, aquela mesma com quem tem simpatias mais do que ocasionais.
O seu novo posicionamento revive o que historicamente aconteceu aos sociais-democratas europeus no século vinte. Um vai-e-vem de alianças e apoios que se moldavam ao gosto dos acontecimentos e da anti-propaganda comunista da época.
Isto acontece por causa da própria natureza da social-democracia, um meio caminho entre a economia de mercado e o controle estatal mas que só poderia nascer dentro de uma sociadade liberal e democrática. Os seres sociais-democratas são assim como um "elo perdido" entre a democracia liberal e o dirigismo estatal socialista. Esta ambiguidade se revela a todo o momento em suas atitudes: morrem de simpatia pelos ideais socialistas mas são eternamente gratos aos democratas liberais/conservadores pela própria existência..

As posições sociais-democratas mudam conforme os "humores" do momento: na segunda guerra se aliaram ao ocidente, com um viés anti-comunista fortíssimo; Já na deténte das décadas de 60 e 70 foram os primeiros a criticar o ocidente e a estender o tapete vermelho para os então "pacíficos" comunistas. E assim tem sido desde então. Quanto mais "reformista" é o regime comunista, maior o apoio dos sociais-democratas. Mas ao menor sinal de que o perigo "
vermelho" não está no pretérito perfeito e voltou ao presente do indicativo, levantam a ponte levadiçaa e aprofundam o fosso com os socialistas "radicais" enquanto voltam às boas com seus velhos aliados.

Parece exatamente com o caso atual.

Se até Olavo de Carvalho - um intelectual vigorosamente liberal e conservador - está nas páginas do "Primeira Leitura", devemos estar realmente à beira do abismo. Ou a uns cinquenta metros do chão.

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