quarta-feira, julho 20, 2016

Criando Raskolnikovs

O resultado de décadas de  doutrinação ideológica no Brasil é que hoje nem existe mais - como havia até os 2000 - a intenção de disfarçar  que os cursos de formação intensiva de revolucionários "bucha-de-canhão" disponíveis em versão pública e privada sejam "educação". É descarado.
Os cursos são profissionalizantes e oferecem um leque variado, de acordo com a suas inclinações , confiram:

  • Depilação Transgressora
  • Como Agasalhar Objetos em Orifícios Variados de Seu Corpo como Forma de Protesto
  • A  Arte da Defecação Revolucionária
  • Como Destruir uma Sala de Aula para Salvar a Educação
  • 1001 Maneiras de Usar Fotos de Jair Bolsonaro 


Fora o humor, é tão evidente a decadência total do ensino brasileiro que as soluções que vislumbro são as seguintes:

  1. Tentar, via parlamentar, leis que protejam as crianças de se tornarem "drones" ou "Raskolnikovs" - acredito que ainda exista, no parlamento brasileiro, gente preocupada com as famílias e os rumos desta educação. Esta é a iniciativa onde o "Escola Sem Partido" se encaixa.
  2. Oficializar o home schooling de modo que cada família possa educar seus filhos longe dos verdadeiros hospícios nos quais se transformaram as escolas do Brasil. 


terça-feira, março 15, 2016

Da Ingenuidade à Cumplicidade...



Perdôo tudo o que gostavam nos anos 90: Snap!, Corona, Rozalla, Spin Doctors, Nirvana, The Cranberries, menos o "Ética na Política"....

Três dias dias depois de ter aterrissado de volta em Porto Alegre (depois de um hiato de mais de um ano e alguns meses) e dois dias depois das manifestações gigantescas de 13-03, ao invés de falar do presente, resolvo rebuscar o passado. Por que o presente é apenas uma das alternativas possíveis do passado que deu certo. Ou "serto".

Tudo por que o que aqui vi e sigo vendo causa-em espanto e o meu instinto de investigação clama por uma explicação racional.

Por quê , aqueles que tanto lutaram pela "ética na política" nos anos 90, hoje dizem que "todos somos corruptos"??

Que trajetória é esta em que alguém parte de uma quase declaração a de auto-santidade para uma outra em que todos são "ladrões" como ele?

Como disse, ninguém pode ser culpado pelos gostos e preferências políticas dos anos 90, que começaram com a posse de Fernando Collor - candidato no qual voltei e até fiz campanha aberta! Tudo por que achava que Lula era um sindicalista metido demais a marxista e já estava cheio de marxistas depois dos meus anos na faculdade.

Aliás, a faculdade (de engenharia) me fez ficar cheio de comunas e marxistas. De "convergências socialistas" e tudo isso. Quem me influenciou não foram nem Marx & Hegel (ops!) e muito menos Lenin & McCarthy: foram Herman Hesse e Fiódor M. Dostoievski. Mas isso é outra conversa.

Pois bem, os anos 90 viram o impeachment de um Presidente acusado de corrupção, mas que foi retirado do poder por um processo eminentemente político, uma vez que o simples fato de haver acusações e alguma evidência já eram motivos para minar a credibilidade de um governante. O processo efetivou-se pelo clime de "ética na política" vigente, que cobrava uma moralidade quase santa aos governadores e políticos.

Pois bem, o movimento "ética na política" - que inflou o PT nos anos 90 - era desde o princípio uma isca para apanhar incautos.

Idealistas são ingênuos como crianças e como elas sempre disponíveis para serem utilizados como massa de manobra.

Quem lembra dos estudantes enviados à morte na Guerrilha do Araguaia enquanto que o seu líder-mor João Amazonas (PCdoB) ficava na segurança do seu bunker?

Mas vamos o que interessa: "ética" segundo o google é "conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade." O termo, portanto, nunca significou uma "moralização" da política, mas simplesmente a aplicação de um conjunto de valores de um grupo - no caso o PT - à política brasileira. Quem entendeu "ética" como sinônimo de "moralidade" (auto)enganou-se: a "ética" era a do partido e não os valores morais aos quais a maioria do povo brasileiro concorda.

A veracidade desta afirmação foi comprovada na prática que o partido desenvolveu ao longo de suas administrações locais, culminando com as administrações nacionais de Lula e Dilma.

Mas como nossos pobres idealistas reagiram quando perceberam a a distância da "ética" do partido com a "ética" pela qual acreditaram lutar? Depois da fase de auto exame e crítica, com o aparecimento do mensalão em 2005, acreditei que muitos cairiam na realidade e rejeitariam por completo aquele engodo, abandonando a "causa" do partido. Devo dizer que muitos abandonaram o barco nesta altura. Outros criaram o PSOL ou migraram para outras partidos de esquerda, o que dá no mesmo -devem ter feito apenas por "desencargo de consciência" inútil, como tomar anticoncepcional depois de ter relações. Finalmente há os que permaneceram em estado de "suspensão" da capacidade de raciocinar por algum tempo, até que as novas "ordens" do partido chegaram.

Depois do advento do mensalão, a tática do partido foi a de começar a produzir dossiês com acusações falsas e outras nem tanto, para que pudessem a partir daí passar a circular a mais hipócrita "defesa" que alguém já pensou em criar: "todos são corruptos", que passou rapidinho para "todos somos corruptos", no que foi absorvido pelos antigos militantes.

Há muita gente enganada que se recusa a admiti-lo e que pelo contrário passa a defender o que port tanto tempo odiou simplesmente para não dar a outra face; para não dizer que abandonaram a causa, pois natimorta era desde o início, acabam por se tornarem-se parte do tecido morto. Ao se manterem agarrados ao cadáver insepulto de uma causa morta, acabam por deterioram-se a si mesmo.

Eu sei que "todos somos corruptos", que todos fazemos pequenas patifarias. Que somos imperfeitos. Mas é mesmo no reconhecimento de quão ruins somos é que nos faz amar cada vez mais a verdade e a justiça. É por que ela nunca terá na espécie humana a sua completa realização. Mas é a sua busca que nos torna melhores. A busca da verdade e da justiça com desapego a causas, bandeiras e antigas crenças é o processo alquímico final, é ele que poderá tornar nosso ferro oxidado por tantas mentiras e auto-engano em ouro. E mesmo que não consigamos, é sempre melhor morrer na tentativa do que pela desistência.