sexta-feira, julho 30, 2004

Desinforma��o na ZH sobre o Sud�

Na edi��o de hoje - 30/07/04 - finalmente ZH abre espa�o para uma mat�ria sobre o genoc�dio no Sud�o.
Mas, como � t�pico em esquemas de desinforma��o, o faz pela metade. Em nenhum momento � comentado o fato de que os civis que est�o sendo assassinados covardemente s�o crist�os e seus algozes mu�ulmanos.
� o tema mais importante sobre o que acontece no Sud�o.

Na mesma edi��o no caderno de variadades � feita uma resenha sobre o novo filme de Philip Noyce ("Gera��o Roubada") denunciando uma tentativa governamental australiana da d�cada de 30 em eugenia - que consistia em segregar crian�as abor�genes para que aprendessem ingl�s e a cultura ocidental. Toda a �nfase foi dada pelo fato de o algozes terem sido "freiras" e "guardas".

N�o se trata de mentir. Simplesmente omitir fatos importantes e destacar outros. O efeito � o mesmo: o cristianismo � um "radicalismo" perigos�ssimo.

Ali�s a edi��o est� caprichada: "Kerry discursa como l�der"....Haja torcida.

segunda-feira, julho 26, 2004

Considera��es sobre Filantropia e Caridade

Uma das coisas que aprecio � a liberdade de pensamento.E noto que o livre pensar tamb�m leva ao livre-criticar . Principalmente quando a sua opini�o se contrap�e a alguma verdade "estabelecida".
Por verdade estabelecida hoje em dia significa simplesmente o que a maioria pensa. Mas contrapor ao estabelecido em face de conhecimentos novos adquiridos n�o � o dever de quem verdadeiramente quer entender as coisas como elas s�o e n�o o que elas representam? Acredito que sim. Este � o dever de quem se prop�e a buscar a verdade.
Mas �s vezes o conflito � inevit�vel. E se revela em coisas impens�veis.

Noto rea��es violentas sobre minhas opini�es sobre "caridade" e "filantropia", por exemplo. Est�o assim mesmo, entre aspas, pois h� muito deixaram de ter a motiva��o para as quais foram criadas.

Hoje em dia, estes termos s�o vistosos chamarizes de capas de revista tipo "Quem" ou "Caras". Um simples adendo - ou melhor um "adere�o" - adequado ao social-fashion deste in�cio de s�culo. Para qualquer um engajado a entrar no seleto rol do "beautiful people" � absolutamente obrigat�rio a participa��o em eventos e a��es de fundo social.
Antigamente os rich and famous disputavam com glamour o posto de dono do "maior iate do mundo" ou maior diamante, ou qualquer coisa do g�nero. Hoje em dia o t�tulo parece ser sobre quem poderia ser "o maior filantropo" do mundo. Disputa acirrad�ssima entre Gates e Turner.
Triste �poca em que os bons sentimentos se medem pelos cifr�es envolvidos.

Mas a verdade � que a diferen�a entre a primeira disputa e a segunda para os donos do dinheiro n�o assim t�o relevantes: a meta � gastar dinheiro da forma mais vis�vel poss�vel. E se hoje a notoriedade � dada para os filantropos, que se obtenha ent�o o t�tulo de o maior deles, o �nico t�tulo que vale a pena.

� claro que existem pessoas que o fazem por bons motivos - aqueles h� muito j� esquecidos como solidariedade, humanismo e genu�no amor fraternal - mas, esses via de regra n�o tem nenhuma necessidade publicit�ria sobre estes fatos.

Outro componente perverso deste sistema � que a caridade e a filantropia passam a ser quase compuls�ria - ou tu �s considerado um p�ria; Ou melhor um "ego�sta desprez�vel que s� pensa em suas nas suas necessidades e em acumular riquezas"

Sob esta �tica posso ser considerado um "ego�sta" que s� "pensa em suas necessidades e desejos". Pena n�o ser assim t�o simples. Criticar a filantropia-fashion n�o � ser contra ela. O problema no Brasil � que as pessoas pensam de forma bin�ria: ou � "1" ou � "0".

Em minha vis�o muitas vezes os que estas celebridades-filantr�picas fazem � o oposto: no intuito de "incluir" os necessitados, acabam por sufoc�-los ainda mais mais sob o r�tulo de uma pobreza irresolv�vel.

E erram o alvo duplamente, pois com suas atitudes acabam passando a id�ia de que a pobreza e a doen�a no terceiro mundo s�o chagas que o capitalismo nunca ir� resolver. Ou at� o contr�rio: eles acabam refor�ando a id�ia de que o capitalismo GERA A POBREZA. Ent�o se pode ler estes arroubos filantr�picos tamb�m com liberadores e absolvedores da "culpa" capitalista por ser respons�vel pelo aumento da pobreza do mundo.
Como se os pa�ses do terceiro mundo fossem capitalistas. E que a pobreza fosse o resultado natural deste processo.
Ledo engano.
O pior � que o filantropo-celebridade acaba se transformando em um Midas de sinal invertido. Quando ele resolve ajudar em algum assunto, por sua dimens�o midi�tica rouba tal assunto para si e acaba com qualquer chance de um debate honesto sobre o tema e a sua solu��o - afinal qualquer cr�tica ao filantropo-fashion acaba colocando seu autor contra os pobres exclu�dos.

Outra consequ�ncia � transformar problemas complexos em problemas totalmente insol�veis - tipicamente o tipo de problema suavizado pela filantropia. Na minha escala de resolvibilidade dos problemas , eles tem o seguinte ciclo : passam da solu��o emp�rica para a solu��o desp�tica ("fa�am do meu jeito" para depois passar pela fase racional - onde a maior parte dos problemas s�o resolvidos. Quando todo o racionalismo � esgotado, ent�o se pode tentar resolver pela ajuda humanit�ria. O problema � que muitos problemas acabam sendo "resolvidos" pela via humanit�ria sem ter nunca tentado uma solu��o racional - e justa - para o assunto. Mas quando chega ao n�vel humanit�rio n�o h� mais volta. Se o problema est� sendo resolvido na base da caridade e da filantropia, est� feito. Para que desenvolver outros programas, fortalecimento do mercado, da democracia e da educa��o se "n�o funcionaram"?

Insisto no tema que o maior bem que os capitalistas podem fazer ao mundo � levar as suas obras e seus neg�cios aonde eles s�o necess�rios.

A explos�o da filantropia-fashion ent�o tem duas vertentes: o narcisismo de seus praticantes e a isen��o da "culpa" pelos pecados do capitalismo.

A primeira � moralmente reprov�vel a segunda � resultado de uma doutrina��o gramsciana totalmente enganadora que efetivamente acaba atrapalhando a verdadeira solu��o: a institui��o de livres mercados acompanhados de democracia onde sejam necess�rios, pois capitalismo e livre mercado geram riqueza sim.

Ah! Mas n�o pensem que eu seja contra a caridade e a filantropia. Sou a favor. Mas � decis�o e a��o a ser tomada pelos indiv�duos. E de prefer�ncia de maneira discreta (caridade midi�tica n�o passa de "investimento em imagem" e n�o verdadeiro altru�smo).
Tudo bem, v�o dizer mas Bill Gates n�o tem o direito de gastar o seu dinheiro da maneira que bem lhe aprouver? Sim. Pode.
Mas, pelo amor de Deus, que isto n�o sirva de modelo nem uma obriga��o n�o escrita de "expia��o de culpa" capitalista.

Como dizia Oscar Wilde "Charity creates a multitude of sins."