quinta-feira, dezembro 02, 2004
A Solução Final
O governo trabalha com pelo menos três vetores nas mudanças tributárias que quer introduzir: 1) equalização do ICMS cobrado no RS, adotando como parâmetro o pico do Estado que mais cobra. 2) antecipação de impostos devidos para o ano que vem. 3) supressão tópica de renúncias fiscais e suspensão de repasses dos incentivos aos exportadores.
Há uma semana este mesmo jornalista destacou a experiência mineira, onde Aécio Neves, com apoio de consultoria de gestão empresarial, reduziu o custo da máquina e pode, a partir do seu segundo ano de governo, navegar em águas mais tranquilas.
Nosso "Risotto", ao invés de arregaçar as mangas e tentar fechar a sangria nas contas públicas criadas pelo governo desastroso de Olívio Dutra (40 mil novos servidores, expulsão de empreendedores e emprego, etc.)ficou dois anos esperando uma solução mágica de Brasília. Levou neste tempo somente chá-de-banco.
E agora mostra sua solução final: mais um aumento de impostos, e maior taxação aos segmentos produtores e exportadores. É a vítima sendo castigada ainda mais para suportar um estado ineficiente e agigantado.
Não é para isso que os governadores são eleitos. Eles não são meros administradores de folhas de pagamento..
Não devem penalizar a todos para o privilégio de alguns...
Dentro deste cenário, era a hora no RS de se cortar a "carne" do setor público, mas o que acontece é o contrário.
Está se sufocando ainda mais o setor privado, a título de melhorar a arrecadação...
Está provado por experiências mundias (Bush) além de nacionais (Alckmin) que as reduções de alíquotas no Brasil funcionam como catalisadores do desenvolvimento e da arrecadação de impostos.
Mas parece que por aqui, nossos governantes ainda não passaram do nível básico de economia...
Talvez a pior forma de burrice seja a burrice diplomada, pois esta nunca aceita a sua própria condição de burrice...
E os burros, estes de carga, acabam sendo todos nós.
terça-feira, novembro 30, 2004
Liberdade econômica, desenvolvimento e empregos também são direitos humanos!!
Mas os tais “direitos humanos” como o conhecemos, se preocupam com os direitos fundamentais do homem mas esquecem uma dimensão fundamental: a liberdade econômica.
Muitos criticam o capitalismo por ser uma espécie de terra de ninguém com todos lutando contra todos, numa “barbárie” sem fim. Também atacam a pretensa liberdade do capitalismo, uma vez que ter liberdade e não ter o quê comer invalidaria completamente este conceito de liberdade.
Esta é a porta de passagem para o que chamam de “direitos sociais” dos regimes socialistas / comunistas. Direitos sociais significam a eliminação de alguma grau de liberdade (se não todos) em troca de alguma política estatal assistencialista como zero, saúde “dez”, educação “vinte” e outras coisas. O que não explicam é quem ninguém nunca pediu para trocar a liberdade por um prato de comida. Além do mais, a dimensão humana de liberdade não pode ser trocada por outros benefícios, da mesma maneira que ninguém trocaria uma mão por um pé , por exemplo. No final o resultado de tais práticas é a transformação do cidadão em massa bovina de manobras para algum ditador de plantão.
Por outro lado, aquela visão cinza do capitalismo é compartilhada por pensadores e intelectuais há séculos. Por exemplo, Oscar Wilde, famoso escritor e dramaturgo irlandês que vivia no seio de uma sociedade opulenta, defendia a abolição da propriedade privada como a forma de libertar o espírito humano. Em “A alma do homem sob o socialismo” perguntava se era digno um homem ter como ocupação varrer uma esquina imunda no East-End londrino sob um frio inclemente para ter acesso a um prato de comida... É claro que a visão de Wilde tinha por objetivo um tal de “Socialismo Individualista” que não se soube muito bem o que fosse, mas a crítica ao capitalismo era a mesmíssima que originou o marxismo.
Pois quero dizer que esta visão de liberdade do capitalismo extremamente limitada. Quando se fala em liberdade econômica se fala muito na liberdade de criar ou gerar novos negócios e criar novas empresas. A liberdade econômica fica então bem caracterizada como uma facilidade empresarial. Não desce ao nível do indivíduo. E aí é que está o erro. A dimensão de liberdade econômica do capitalismo tem de alcançar o nível do indivíduo. Um indivíduo somente é livre se consegue os meios de realizar o seu potencial de modo pleno.
O ponto onde estas duas liberdades se encontram é quando um indivíduo resolve abrir uma empresa ou vender os produtos do seu trabalho. Mas nem sempre existe um mercado para absorver os produtos que o indivíduo pretende produzir. Por falta de mercado ou pelo fato de o mercado não ser tão visível assim (quanto existe de demanda para novos escritores no mercado, por exemplo?). São atividades que requerem muito tempo para deslanchar e que fazem que seu postulante tenha de ter uma outra ocupação preparatória até ter a massa crítica (conhecimento, investimento, produto) suficientes para então entrar oficialmente neste mercado. Até lá provavelmente trabalhará em algum emprego remunerado que possa bancar a preparação para esta nova dimensão. Terá de haver demanda de empregos em nível suficiente para que exista esta possibilidade de realização.
Por outro lado o fato de muitos aceitarem empregos aviltantes se deve à falta de empregos melhores.
Então podemos dizer que a liberdade econômica individual pressupõe a existência de um mercado ativamente empregador, de modo que as pessoas possam escolher qual atividade queiram executar, conforme suas capacidades. E um mercado empregador é um mercado em desenvolvimento.
A falta de desenvolvimento gera recessão e desemprego. Desemprego é uma supressão a um direito de liberdade básico do ser humano. Não estou falando de desemprego ocasional, estou falando em depressão econômica ou crescimento abaixo do crescimento vegetativo da população. Exatamente o que o Brasil vem experimentando há anos.
Reclama-se que hoje é necessário ter diploma de segundo grau até para ser ascensorista. A origem disto é a falta de empregos, que faz que para cada vaga existam centenas de candidatos. Assim, os critérios de desempate começam a galgar a escala do impossível, privilegiando quem tenha mais experiência ou capacitação, mesmo que não tenham nada a ver com o cargo em questão.
E qual seria a origem do baixo desenvolvimento? Se olharmos nossa brutal carga tributária, nossa opção crônica pela não-abertura comercial (há quanto tempo não se ouve mais falar em queda de impostos de importação?) , nossas políticas sociais equivocadas, sabemos o resultado. O Brasil é um dos países com mais baixas pontuações na escala de liberdade econômica mundial, ficando atrás de muitos países aqui mesmo, da América Latina. O México por exemplo, passou há dois anos o Brasil como o maior PIB da AL, após o acordo de livre comércio com os EUA...
Resumindo: O tamanho do Estado brasileiro necessita de tanto oxigênio que sufoca todos ao seu redor. E quanto maior o Estado menor a liberdade de seus cidadãos.
Quem precisa realmente perder peso é o Estado Brasileiro, hein presidente???
segunda-feira, novembro 29, 2004
A empresa nacional: a irresponsabilidade social da falta de gerenciamento
Uma das facetas menos visíveis da escassez de cultura que assola o paísís vem de onde ela deveria ou parecia florescer: o empresariado.
Se alguém olhar em qualquer lista dos mais vendidos não-ficção vai encontrar diversos exemplares de livros sobre gerenciamento empresarial. Em nossas empresas é muito comum que as "modas" de gerenciamento "varram" de modo quase que totalitário as salas dos gerentes e diretores das empresas brasileiras, como um pensamento único. Se fala em "reengenharia", "cinco-S", "teoria da restrições", "sincronização" como palavras de ordem num tom quase político-ideológico.
Mas tenho notado que o interesse em conhecer novas técnicas de gerenciamento é inversamente proporcional a nossa capacidade de implementá-las. Aquela mesma premissa - a da falta de cultura e educação, que fez de nossos estudantes os piores do mundo em recente competição mundial - pesa na hora de alavancar a competitividade do setor privado.
Esta incapacidade em absorver o mínimonecessárioo de novos conceitos para sua correta implementação afeta não só as empresas, mas as empresas que as primeiras recorrem para ajudar na implementação destes conceitos: os consultores empresariais. No fim das contas, tudo que se escreve pelos Michael Porters, Drucker, etc.. acaba sendo simplificado até a um esqueleto básico de vagos conceitos, receitas "infalíveis" e resultados duvidosos.
Isto não é problema se o que a empresa busca é uma certificação qualquer. O objetivo visível é alcançado ( o tal certificado) mas não o objetivo que aquele primeiro simboliza. Em resumo, as empresas nacionais se satisfazem com os signos mas não com seus reais significados.
Tudo isso seria um sério problema em empresas com real interesse em aumentar sua capacidade gerencial e portanto em sua capacidade de resolver problemas e interagir em um mundo cada vez mais interdependente. Mas não é problema para a maioria das empresas nacionais. Seus reais interesses residem em outras esferas.
As empresas nacionais são organizações que passam mais da metade do tempo tentando achar um meio de pagar menos impostos, sendo o restante ocupado pelos jogos de poder.
Para que perder tempo com atividades estressantes de "estudar" novos conceitos e formas de gerenciamento? Se for para ganhar mercado tudo bem, se "faz de conta" até se obter o que se deseja. E se volta às tarefas habituais logo em seguida...
O resultado disto tudo é previsível : milhões de reais são desperdiçados em ações e programas tão sem resultado que se fosse em uma empresa normal, o responsável por elas seria sumariamente demitido. Como por aqui quem banca é o próprio presidente a coisa muda de figura.
Apesar de tudo esta simulação de modernidade tem um lado bom: existem pessoas que acabam acreditando nisso tudo e aprendendo. Mesmo que saiam da empresa, vão levar um conhecimento de classe internacional consigo, o que vai valorizar o seu próprio trabalho.
Mas existe uma ameaça no horizonte, até mesmo para esta busca cosmética de competividade: a "responsabilidade social". Como este tema virou moda, não há revista empresarial, indicador de performance que não inclua hoje algum índice de "responsabilidade social".
Enquanto deveriam estar pensando em garantir efetivamente a sobrevivência da empresa e o emprego para seus funcionários, os empresários se dedicam cada vez mais a atividades inócuas de algum tipo de apadrinhamento, esquecendo suas vocações básicas. O pior que isto serve para fixar ainda mais a imagem de culpado que pesa sobre a classe empresarial, afinal não estão dando de graça, mas simplesmente devolvendo o que "roubou" antes...
Em tentando ser mais justo e politicamente correto, o empresário acaba cometendo a maior irresponsabilidade social que lhe é cabível: a falta de gerenciamento empresarial.