sábado, setembro 17, 2005

Comentando os comentários do "Nadando"

Esta semana foi cheia.
Vi que os comentário na página aumentaram.
Uma pequena mas barulhenta parcela deles veio do time dos meus odiadores de plantão.

É muito estranho o nível de ódio que pode ser disseminado por todos que se dizem "da paz". É
gente que sonha com um mundo "melhor" e mais "justo", mas no exato momento que alguém para de recitar o mantra hipnótico destas palavras de ordem para ressaltat a vacuidade do seu significado e a mando de quem elas são conjuradas, é como se o encantamento acabasse. No mesmo instante, essas pessoas "solidárias" e "amantes da paz" deixam a máscara cair, vociferando palavras de um ódio juvenil. Elas revelam muito mais uma espécie de medo, um receio de que o seu mundinho-bom-dos-socialistas-hedonistas seja de papelão. Um miragem tão irreal quanto o governo (PaT)"ético" do PT. Parece que definitivamente para estes a realidade morde.

Patético.

Agora - falando por mim - não sou melhor do que ninguém. Também não sou pior. Apenas tento traçar o meu caminho de modo independente. E a dúvida, esta sim é a maior companheira de viagem.
O que não se pode é trocar idéias por ideais. Esta é questão. Cada jovem que escolhe o caminho do ideais, é menos um a professar o mundo das idéias...
Como diria Platão, que fiquem no fundo da caverna.

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quinta-feira, setembro 15, 2005

O mito do Brasileiro "solidário"

Stephen Kanitz mostra a verdade mas esconde os motivos.
Dizer que falta "pedir" é o cúmulo. As entidades assistenciais há muito estão com as suas centrais de telemarketing à mil.
Experimente passar um fim de semana sem receber um telefonema deles. Ainda mais se já fostes doador em outra oportunidade.

O motivo da falta de doação é que o brasileiro prefer apostar em governos "socialistas" para ajudar aos menos favorecidos, aos quais ele não dá a mínima...

O pior é ouvir a cantilena de povo "solidário", comparado aos americanos, depois dos fatos ocorridos na passagem do Katrina.

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Por que o brasileiro doa tão pouco?

Somos um dos povos que menos doam recursos filantrópicos no mundo.

Segundo o imposto de renda, a média para doações e contribuições é de 23 reais por ano.

As empresas brasileiras gastam 4 bilhões de reais por ano em segurança patrimonial e pessoal de seus executivos, e 5 mil reais por mês em filantropia. Precisamos inverter esta balança, gastando mais na comunidade para inclusive gastar menos com segurança.

Porque doamos tão pouco?

A principal razão apontada em estudos é porque incrivelmente ninguém pede uma doação. Nossas entidades ainda estão engatinhando na área de Fund-Raising, termo que ainda nem tem uma palavra equivalente difundida em português.

Um dos principais objetivos do Prêmio Bem Eficiente é justamente auxiliar na tarefa de divulgação das entidades competentes do país, e refutar o mito de que a maioria não são confiáveis.

Pessoas mundo afora doam por três razões:

1.Pressão do grupo. Iniciativas como Balanço Social e o Comunidade Solidária, trabalho da dra. Ruth Cardoso, são excelentes exemplos de pressão focalizada e concentrada.

2.Culpa e Obrigação. Como uma forma de retribuir as oportunidades e sorte que se teve na vida. Um empresário de Campinas doa um valor exatamente igual aos seus gastos pessoais. Uma dama da sociedade doa o equivalente aos seus gastos extravagantes, o que a permite desfrutá-los sem (muito) remorso.

3.Um raro prazer. A maioria das pessoas doa porque isto dá prazer, pura e simplesmente.

Se você nunca doou, começar com uma das 50 melhores entidades beneficentes do Brasil é um excelente início.

Existem muitas outras entidades beneficentes no país, que apesar de não terem recebido este prêmio, merecem sua atenção, como doador ou voluntário. Pesquise as mais de 4.800 entidades catalogadas por cidade ou área de atuação na http://www.voluntarios.com.br.

Ligue-se e divirta-se.

Stephen Kanitz

Por que o brasileiro é tão "socialista"?

Descobri uma relação entre socialismo / libertarianismo e a demografia brasileira.

Dado que a maior parte das famílias há mais de vinte anos está tendendo a filhos únicos.
Posto que filhos únicos são por natureza egoístas, temos a seguinte constatação:

Dentre o universo de egoístas em nossa sociedade podemos dividir:
a) Os egoístas-envergonhados, que sentem-se culpados de sua condição, aderem à teses socialistas para "aplacar" sua culpa, ou terceirizar o altruísmo.
b) Os egoístas legítimos e bem assumidos, que sabem que o são e não vêem nenhum problema nisso, pelo contrário. Esses se tornam  libertários.
c) Os não-egoístas [famílias grandes(?) cristãos (?)] , esses são  os conservadores.

Os primeiros (a) são libertários enrustidos pelo complexo de culpa. Quando crescerem pelos estudos vão chegar lá. Mas a maioria nem chega perto. Estes pseudo-socialistas apoiam a causa pelos motivos errados e ajudam a piorar mais os indicadores sociais por apoiar uma maior apropriação de riquezas pelo Estado, o que reforça o poder dos socialistas reais, gerando maior pobreza e mais e mais programas sociais e impostos. Tudo pelo social.
Os segundos (b)  ajudam  a fomentar o capitalismo e como efeito colateral deste, a diminuição da pobreza.
 
Já os últimos (c) focam na conservação de valores universais da cultura ocidental e aderem ao capitalismo de forma lateral, por aceitar a estrutura da realidade (do ser humano) como ela é, e  sendo este sistema o menos ruim de todos, segundo os resultados apurados.

Respondendo à pergunta: O brasileiro adora teses socialistas por puro desconhecimento; Não passa de um amoral, ignorante e com um imenso complexo de culpa.
A questão nem é política, mas psicológica.

Pelo visto o número de socialistinhas por nascer ainda irá aumentar, pois afinal o número de famílias de única prole é inevitável. Com sorte poderemos desviá-los para o libertarianismo, depois de um tratamento no "Arkham Asylum" da Gotham City mais próxima.



terça-feira, setembro 13, 2005

Confissões de uma mente conservadora

As aparências enganam. E quanto mais vivemos de aparências maior este engano. Despir-se das aparências e encontrar o que há de realidade embaixo do aparente é a raiz do pensamento conservador. Isto significa a existência de um significado em todas as coisas, especialmente ao homem e sua trajetória no mundo.

Puxar este fio de entendimentos é o caminho para o entendimento desta realidade.

A realidade ou a verdade é um caminho estreito e difícil de percorrer. Mas ele está lá independente de nossa vontade. E percorrer este caminho é a grande aventura, a grande busca da própria existência.


Não sei absolutamente qual o caminho traçado por outros nesta busca, mas meu trajeto até aqui se baseou muito mais em percepções, intuições tão primitivas quanto poderosas sobre a existência de uma estrutura de realidade real – que independe do ser humano para existir – e que foram depois lapidadas por estudos mais profundos. Estas percepções vêm desde a minha infância.


E elas vêm furiosamente à minha mente, como o coice furioso de algum cavalo selvagem ou como a tragada de um cigarro muito forte. Pequenas mas poderosas percepções, que depois são lapidadas pelo estudo em pedacinhos de azulejo a formar o meu próprio caminho.

Mas seguir esta seqüência não é fácil.

O mundo ao redor – tenho experimentado isso muitas vezes, seja no grupo de amigos, de familiares ou mesmo no trabalho – não percebe isto como uma verdadeira busca, mas sim como expressão de simples preferência pessoal, um capricho intelectual incompreensível. Uma espécie de masoquismo ideológico. Sim, somos vistos como um exército vitoriano brancaleone.

Mas decifrar a realidade, esta pedra de Rosetta filosofal, não é como fechar as páginas de um livro a hora que mais lhe aprouver, dar uma pausa para ver a novela das oito e voltar à carga logo depois- como se estivesse tudo normal.

Conhecer a realidade, por menor que ela seja impõe-nos um dever intelectual a princípio, moral ao final de não poder mais virar a face à ela. É ter compromisso com esta verdade para a toda a sua vida a partir daquele ponto.

Isto nos coloca irremediavelmente fora do mundo. Pelo menos deste mundo que me rodeia: América Latina-Brasil. Não sei como seria viver em outro mundo mas viver aqui é provar com algum grau de certeza como teria sido a vida de Loth em Sodoma e Gomorra. É o lobo da Estepe Hessiano uivando à distância contra toda esta mediocridade vivencial presente.


O mundo nos percebe de uma forma completamente enviasada. Meus detratores, alguns bem próximos, ao invés de escolherem a luta aberta, preferem muitas vezes agir como 'snipers', disparando tiros certeiros à grande distância. O argumento preferido destes é rotular-me como "radical".


Radical mesmo é minha intenção de – sabendo pelo menos um naco do que é realidade – tentar passar este conhecimento adiante. Tudo em vão. Aí o manto da "radicalidade" cobre tudo. E não há mais diálogo possível.

Mas tudo bem. Uma verdade apreendida ainda assim é uma realidade. Mesmo que outras pessoas não tenham a capacidade de absorvê-las ou mesmo que eu não tenha a plena capacidade de defendê-las.


A responsabilidade moral para com a verdade é muito maior do que simples racionalizações dialéticas, ás vezes é um fardo pesado. Tentar viver sob as regras daquilo que se acredita pode ser muito, muito doloroso.

Descobrir subitamente que durante quase toda a sua vida não fostes mais do que uma criança, acreditando em sonhos desvairados que nunca poderiam ser mesmo reais é brutal, num primeiro momento. Depois disso, tentar cuidadosamente tentar descobrir quais outros aspectos de sua vida são mesmo reais ou apenas imagens projetadas pela sua mente, isto é , tentar saber em que extensão a sua vida foi construída por alicerces sólidos ou não, pode ser mais doloroso ainda. Pode não sobrar muito mais deste ataque tipo furacão Katrina da realidade sobre estes frágeis sonhos-de-vida.

Mas mesmo que sobre pouco, ainda assim é melhor do que viver no engano, na irrealidade.

Muitas vezes a vontade de voltar ao tempo em que tudo estava (aparentemente) bem, de fechar a caixa de Pandora, de restabelecer a sensação de segurança vazia, acontece.

Muitos dizem que os idiotas são mais felizes. Seguramente os idiotas são aparentemente mais felizes na sua ignorância – muitas vezes travestida de sabedoria afetada da realidade.

Não temos o direito de olhar para trás, de retornar ao útero materno, de dar um "desfazer" em nossas percepções. Mas como seguir em frente quando o que se descortina é uma aparente fuga de qualquer vestígio de felicidade?

A resposta ainda estou a buscar, mas descobri um autor que me ajudou a ter a exata percepção destas coisas. Quero dividir com vocês.

Trecho de Huberto Rhoden sobre Spinoza em "A Filosofia Contemporânea - volume II" página 70:


" Spinoza, disse Renan, teve de Deus a mais profunda visão que já veio ao homem. (Note-se esse 'veio', indicando uma revelação do além!) O conhecimento do homem, em todos os setores, esbarra constantemente com as grades da gaiola de sua finitude humana; pouco importa que essas grades sejam de ferro ou de ouro – elas são grades duma prisão, e ninguém pode sentir-se realmente feliz como prisionmeiro, nem mesmo num palácio de ouro.

Os que, nessa gaiola da sua finitude, se sentem felizes, como dizem, devem a sua 'felicidade' à sua ignorância. São incapazes de sentir a sua infelicidade; ou então se habituaram a tal ponto a essa condição de prisioneiros e criaram dentro de si tamanha obtusidade austera, como os hebreus do Êxodo do Egito usspiravam , em pleno deserto , pelas panelas de carne e cebolas da terra da escravidão. Um canário habituado à gaiola, com sua ração diária de alpista e seu poleiro seguro, acaba por ter as asas atrofiadas e perder as saudades da sua verdadeira pátria, a vastíssima liberdade da natureza.


O mais infeliz dos infelizes é aquele que perdeu o senso da felicidade e equipara a sua pseudofelicidade à verdadeira felicidade.
Sentir a sua infelicidade é uma grande felicidade, porque é uma porta aberta para a libertação e o princípio da redenção.

Há homens insconscientemente infelizes.

Há homens conscientemente infelizes.

E há homens conscientemente felizes.

Só estes últimos é que são real e solidamente felizes, porque não se acham em vésperas de novas infelicidades, como os outros.

A felicidade só pode ter por alicerce a liberdade, e a liberdade é a filha da verdade. Logicamente, só pode ser real e definitivamente feliz quem conhece a verdade, a verdade vivida e saboreada experiencialmente."