Muitos ateístas, agnósticos consideram todos os que professarem sua fé cristã - minimamente que seja - como "fundamentalistas". A partir daí, qualquer opinião, racionalização será considerara "envenenada" pela religião. Numa versão de um marxismo apócrifo, nossas religiões nos tornam prisioneiros de nossa "classe social". Somente os ateus - o "proletariado" liberal - poderá realizar a "revolução" liberal.
Do mesmo modo, o Ocidente vê a ameaça do radicalismo islâmico pelas mesmas lentes. É claro que estou falando daquela porção do Ocidente (a minoria) que ainda consegue pensar, não daqueles que já cederam seus neurônios às doenças Alzhaimerianas do Politicamente Correto e da Igreja do Aquecimento Universal do Reino do Al Gore. Pois bem, esta minoria, que fala daquilo que vê e não por algum exercício de constrição interno, tem a opinião maciça de que o Islã é uma ameaça e que não existe nenhum tipo de Islã "moderado" com quem conversar. Os acontecimentos das últimas semanas pareceram reforçar este mantra.
As novas manifestações orquestradas (sim , orquestradas, pois estas manifestações dos países islâmicos têm tudo, menos espontaneidade: parecem aquelas organizadas pelo MST/Via Campesina no Brasil em Portugal) no mundo islâmico contra as caricaturas de Maomé, republicadas pelos jornais da Dinamarca, acenderam novos debates.
Outro fato novo foi o filme "Fitna" criado pelo político conservador holandês (isso mesmo: há políticos conservadores na Holanda, dentro da percepção que o país já foi longe demais em seu liberalismo desembestado) Geert Wilders.
"Fitna", o qual acabei de assistir, é curto e grosso: mostra algumas passagens do Corão e como os muçulmanos as praticam nos dias de hoje. Pois este filme tem suscitado reações adversas em todo o mundo. É claro que as reações podem ser divididas em duas partes. A maioria, a dos politicamente corretos, deve ser desconsiderada por que não há o que "debater" com pessoas com idade mental inferior à cinco anos de idade. Mas haviam muçulmanos que criticavam o filme, bem como as lideranças radicais islâmicas. Comparavam o filme aos "fatwa" lançados contra o ocidente por estes líderes. Seriam eles muçulmanos "moderados"??
Aqui o link para o filme.
Por outro lado, o escritor, debatedor, colunista cristão Dinesh D´Souza acaba de lançar o seu livro "The Enemy At Home" em formato pocket. No livro ele coloca duas questões:
- a) Que o onze de setembro foi criado pela imagem dos Estados Unidos criada pela esquerda. É esta imagem, de uma América sem moral, sem religião, adepta do casamento gay, que os islâmicos combatem como o "O Grande Satã".
- b) Que existem islâmicos moderados que podem ajudar a dissipar esta falsa imagem dos Estados Unidos perante a comunidade muçulmana internacional.
O livro foi duramente criticado à esquerda e mesmo à direita. Nesta nova edição, Dinesh adiciona novos capítulos sobre o debate que o livro suscitou.
Uma das passagens interessantes do livro de Dinesh é onde ele reproduz um grafiti famoso nos muros e paredes de Bagdá: "É esta liberdade que vocês querem para o Iraque? A liberdade do casamento gay, do aborto?"
Se existem realmente muçulmanos moderados, o discurso - popular à direita - de que o Islã é uma ameaça por si mesma, não somente a sua vertente jihadista é um erro, pois afasta moderados que poderiam modificar as coisas por dentro do mundo árabe.
Assim repetiria-se a questão da escravidão nos Estados Unidos, em que os ataques odiosos dos nortistas contra os sulistas em geral - por causa da escravidão - impediram que sulistas contrários à escravidão pudessem levantar a sua voz, pois seriam tachados de traidores no mesmo ato.
Quanto às críticas à esquerda, todas ressentem-se da avaliação - certeira , em minha opinião - de Dinesh. Não há o que discutir muito. Hollywood é a maior fábrica de ódio contra os Estados Unidos. Isso desde os anos vinte, quando o Partido Comunista dos Estados Unidos (CPUSA) descobriram que a revolução não sairia das classes operárias - conservadoras por demais (os "blue collars"), mas da classe artística.
Para finalizar, se a avaliação de Dinesh é incorreta, ou seja, não há Islã moderado, então só posso saudar iniciativas como a da Geert Wilders, provando que tolerância é como uma via de duas mãos: devemos ser tolerantes com quem nos é tolerante.
Mas a dúvida permanece: há muçulmano moderado?