quinta-feira, outubro 16, 2008

Surpresa: Existem Atores Brasileiros "Conservadores" ?

Os brasileiros conhecem Pedro Cardoso principalmente pela sua partiicipação no seriado global "A Grande Família" - um remake de um clássico da TV Globo à época do regime militar. O ator lançou um manifesto contra a pornografia gratuita na TV e no cinema brasileiros.
Característica muito apreciada em Portugal.
Pois em entrevista à Globo sobre o manifesto, expõe sua opinião sobre o tema e também assuntos recorrentes.
Subliminarmente, a quem - como eu - gosta de estabelecer as diferenças entre a psiqué brazuca e tuga (portuguesa) ,mostra como nós brasileiros gostamos não de  perguntas diretas mas da obliquidade que, por fim , acaba sendo muito mais ofensiva que perguntas diretas e claras. Na pergunta do repórter , reproduzida abaixo, ao invés de uma direta: "você seria a favor da demissão de um professor pelo fato de ser autor de poesias eróticas?", temos um longo prólogo de ilações para chegar ao ponto. Que o ator denuncia, de pronto. A resposta é ,em si mesma, um sopro de contraditório contra a "ditadura do prazer" da mídia brasileira. Que, infelizmente,  é importada por  Portugal como sendo o "status quo" da cultura e comportamentos nacionais...

Leia na íntegra a entrevista de Pedro Cardoso sobre manifesto contra pornografia na TV - O Globo Online
Essa discussão sobre a exploração da pornografia aconteceu no exato momento em que um professor de literatura foi afastado da Escola Parque por ser autor de poesia erótica. Comenta-se que você estava entre os pais que reagiram a isso. Qual a sua posição em relação a esse episódio?

CARDOSO: Não sei em quê este assunto tem a ver com o meu. A intenção da sua pergunta me parece ser a de sugerir ao leitor que eu sou um moralista puritano que poderia mesmo ter perseguido esse professor. Boa tentativa, mas a acusação é improcedente. Reproduzo mais um trecho do texto do Odeon: "A quem se afobe em me acusar de moralista, peço antes que procure conhecer o meu trabalho em teatro e que assista ao filme desta noite. Nele, assim como algumas vezes no teatro, tratei, junto com meus colegas, de assuntos bem distantes de uma moralidade puritana. Quem for me acusar, tente primeiro perceber a diferença entre a liberdade para tratar de qualquer assunto e a intenção de usar qualquer assunto para difundir pornografia usando a liberdade de costumes para disfarçá-la de obra dramatúrgica". Eu não conheço a obra poética do professor, a decisão de demiti-lo foi da escola, e ela não quer se pronunciar. Eu não vou tecer comentários baseados em suposições ("comenta-se") vagas que você está fazendo. As razões para a demissão dele, assim como para sua contratação, devem ser perguntadas à escola. Agora, acredite, é minha obrigação de pai saber quem diz o que para minha filha dentro da sala de aula e saber que livros escolhe para que ela leia. Caso este assunto verdadeiramente te interesse, informe-se melhor. E acredite (não sei se você tem filhos, mas se tiver vai me entender muito bem): num mundo confuso como este nosso, estamos bem sozinhos para olhar por eles.