Este editorial do Estadão de hoje não deixa dúvidas sobre o nível
infantil do anti-americanismo que domina as discussões sobre a
política externa do governo Lula.
-----------------------------------------------------------------------------------------
EDITORIAIS O ESTADO DE S.PAULO
Quinta-feira, 13 de janeiro de 2005
O fator 'senso de ridículo'
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, diz que a
decisão de excluir o inglês das provas eliminatórias para ingresso na
carreira diplomática pretendeu remover um "fator elitista". Segundo o
chanceler, "foi uma decisão democratizante" porque a exigência
favoreceria candidatos ricos e filhos de diplomatas - como se milhões
de jovens brasileiros que não são uma coisa nem outra não precisassem
estudar inglês, e não o estivessem fazendo, para subir na vida.
Doravante, no exame de admissão para o Instituto Rio Branco (IRB), o
inglês apenas contará pontos, a exemplo do francês e espanhol. Diz
mais o ministro: "Prefiro um diplomata que conheça bem o português e a
história do Brasil a outro que saiba falar bem o inglês. Qualquer um
pode aprender uma língua em três anos."
Se assim é, o conhecimento de idiomas estrangeiros deveria ser
simplesmente banido do vestibular para o curso que forma os quadros do
Itamaraty, transformando-se o IRB numa escola em boa parte dedicada a
ensinar línguas - quando de seu currículo, de nível de pós-graduação,
fazem parte disciplinas que desde logo exigem razoável familiaridade
com os principais idiomas, a começar do inglês, em que está redigida a
literatura a ser dominada. E o que dizer da esdrúxula antinomia, de
duvidosa boa-fé, produzida pelo chanceler? Desde quando os diplomatas
brasileiros se dividem entre aqueles que conhecem bem o português e a
história pátria e os que falam bem o inglês? O que impede que nossos
diplomatas exibam todos esses predicados?
Haja disciplina profissional para considerar tais argumentos
coisa séria antes de rebatê-los.
Este jornal critica freqüentemente o prisma ideológico que
passou a orientar a diplomacia brasileira no governo Lula, a começar
pela diplomacia comercial. Nesse caso, há um confronto de posições
diante de uma questão substantiva. O Estado condena o anacronismo da
linha terceiro-mundista da atual política externa que voltou aos
tempos do "pragmatismo responsável" do governo Geisel, inventado pelo
chanceler Azeredo da Silveira. De todo modo, trata-se de um debate de
idéias. Já em relação ao tema deste comentário, qualquer coisa que se
pareça com uma discussão de fundo é flagrantemente impossível. Pois o
que acabou de fazer a cúpula do Itamaraty, a partir de um
indisfarçável antiamericanismo, movido, por sua vez, a complexo de
inferioridade, foi demonstrar ter perdido o senso de ridículo. É
assustador.
Deixar de exigir dos aspirantes ao serviço diplomático uma base
em inglês, que, antes de mais nada, lhes permita se prepararem
adequadamente para as funções que os esperam, sugere algo
inconcebível: que os responsáveis pela tacanha iniciativa ignoram que
de há muito o inglês substituiu o francês como língua franca das
negociações internacionais - para não mencionar a universalização do
uso do inglês nas ciências e na atividade econômica. Pergunte-se aos
chineses - de quem Lula e Amorim ingenuamente tanto esperam -- qual o
idioma mais exigido de seus diplomatas, profissionais liberais,
pesquisadores e empresários. A China, que sabe muito bem quais são os
seus interesses, não comete patriotadas do gênero. No Chile, o governo
socialista quer que toda a população entenda inglês falado e escrito
no prazo de uma geração.
Essa manifestação de nativismo ressentido não é a primeira na
gestão do chanceler Amorim e do idiossincrático secretário-geral
Samuel Pinheiro Guimarães, cuja aversão a tudo que lembre os Estados
Unidos tem todos os sintomas de uma paranóia. Em 2003, quando
Washington passou a exigir a tomada de fotos e digitais de cidadãos de
numerosos países, entre os quais o Brasil, no desembarque em
território americano, o Itamaraty reagiu como se a Nação tivesse sido
afrontada e levou o governo a dar o mesmo tratamento aos naturais da
América aqui chegados. Amorim previu que isso induziria os EUA a
receber os brasileiros da mesma forma que os portadores de passaportes
cujas nacionalidades os dispensam de visto de entrada (o que não é o
nosso caso). Obviamente, nada mudou - e o Brasil apenas conseguiu
provar a sua desimportância para os gringos.
Mas, o pior é que, à parte o caráter infantil dessa retaliação
e a ridicularia do rebaixamento do inglês no exame do Rio Branco, não
se pode negar a coerência do Itamaraty. Todas as suas decisões estão
impregnadas da mesma visão irrealista das relações internacionais e do
papel que o País será chamado a desempenhar na ordem mundial.
sábado, janeiro 15, 2005
terça-feira, janeiro 11, 2005
Os Mestrandos "skinheads"
Admiro demais os artigos do Janer Cristaldo. Mas acho que ele foi levado a analisar somente um dos lados desta questão quando escreveu no artigo "Milho aos Porcos" no MSM:
Entre as muitas anomalias da universidade brasileira - escrevi então - estão os mestrandos quarentões. Aquela iniciação à pesquisa, pela qual o candidato deveria optar tão logo terminasse o curso superior, é adiada para uma idade em que do acadêmico já se espera obra consolidada. Pior mesmo, só os doutorados de terceira idade. Marmanjos de cinqüenta e mais anos, em idade de aposentar-se, postulando um título que só vai servir para pendurar junto com as chuteiras. (...) Mestrado não é para carecas.
Tem de se analisar a questão sob um ponto de vista mercadológico. Acredito que nem todas as pessoas que cursam um mestrado pretendem apenas pendurar o troféu numa parede antes de se aposentar.
Situar que somente jovens podem cursá-lo é um exagero em minha visão. Há que situar a questão dentro do universo do mercado de trabalho brasileiro.
Existem pessoas que sempre quiseram fazer determinada especialização, mestrado mas nunca tiveram ou condições financeiras ou tempo disponível para sua consecução. Estas pessoas finalmente conseguem a união destas condições em uma idade avançada. Fazer o quê? Abandonar um objetivo acalentado durante décadas pelo motivo da idade?
Outro questionamento é se a busca pelo conhecimento é um fim em si mesma ou deve gerar obrigatóriamente um retorno para a sociedade? Seria bom que fosse, mas o fato de haver mestrandos em idade provecta não significa que não haverá pesquisa.
As restrições do mercado é que podem produzir aquelas pérolas citadas como o fato de haver motorista de táxi com pós-graduação e ascensorista com ensino superior. A falta de empregos na mesma taxa de crescimento da população gera processos de seleção cada vez mais Darwinistas, cada vez mais excludentes. Isto gera critérios absurdos de desempate na luta pelo emprego, "diferenciais" como "porteiro com conhecimento em word e excel" acabam desempatando os processos de seleção mais acirrados.
A falta de um mercado vendedor de empregos é a "mãe" de todas as distorções. E isto só se resolve com políticas econômicas liberais.
Esta mesma falta de vagas, agora para os recém-formados faz com que inúmeros talentos para a iniciativa privada escolham desperdiçar anos em cursos de pós-graduação e mestrados em que não tem a mínima intenção de se aprofundar, somente para ganhar mais títulos para eventuais critérios de "desempate" numa futura dsiputa por um lugar ao sol no mercado de trabalho.
De qualquer forma, para evitar o rótulo de "mestrando careca" vou providenciar uma peruca quando efetivar minha intenção de complementação curricular...
Entre as muitas anomalias da universidade brasileira - escrevi então - estão os mestrandos quarentões. Aquela iniciação à pesquisa, pela qual o candidato deveria optar tão logo terminasse o curso superior, é adiada para uma idade em que do acadêmico já se espera obra consolidada. Pior mesmo, só os doutorados de terceira idade. Marmanjos de cinqüenta e mais anos, em idade de aposentar-se, postulando um título que só vai servir para pendurar junto com as chuteiras. (...) Mestrado não é para carecas.
Tem de se analisar a questão sob um ponto de vista mercadológico. Acredito que nem todas as pessoas que cursam um mestrado pretendem apenas pendurar o troféu numa parede antes de se aposentar.
Situar que somente jovens podem cursá-lo é um exagero em minha visão. Há que situar a questão dentro do universo do mercado de trabalho brasileiro.
Existem pessoas que sempre quiseram fazer determinada especialização, mestrado mas nunca tiveram ou condições financeiras ou tempo disponível para sua consecução. Estas pessoas finalmente conseguem a união destas condições em uma idade avançada. Fazer o quê? Abandonar um objetivo acalentado durante décadas pelo motivo da idade?
Outro questionamento é se a busca pelo conhecimento é um fim em si mesma ou deve gerar obrigatóriamente um retorno para a sociedade? Seria bom que fosse, mas o fato de haver mestrandos em idade provecta não significa que não haverá pesquisa.
As restrições do mercado é que podem produzir aquelas pérolas citadas como o fato de haver motorista de táxi com pós-graduação e ascensorista com ensino superior. A falta de empregos na mesma taxa de crescimento da população gera processos de seleção cada vez mais Darwinistas, cada vez mais excludentes. Isto gera critérios absurdos de desempate na luta pelo emprego, "diferenciais" como "porteiro com conhecimento em word e excel" acabam desempatando os processos de seleção mais acirrados.
A falta de um mercado vendedor de empregos é a "mãe" de todas as distorções. E isto só se resolve com políticas econômicas liberais.
Esta mesma falta de vagas, agora para os recém-formados faz com que inúmeros talentos para a iniciativa privada escolham desperdiçar anos em cursos de pós-graduação e mestrados em que não tem a mínima intenção de se aprofundar, somente para ganhar mais títulos para eventuais critérios de "desempate" numa futura dsiputa por um lugar ao sol no mercado de trabalho.
De qualquer forma, para evitar o rótulo de "mestrando careca" vou providenciar uma peruca quando efetivar minha intenção de complementação curricular...
segunda-feira, janeiro 10, 2005
Uma pérola do Ministro da Educação
Foi reportado que não houve preenchimento até o momento de 14% da 112 mil vagas do programa Universidade para Todos (ProUni).
Um dos impeditivos é que somente são selecionados os alunos que tenham no mínimo 45 pontos (numa escala de 1 a 100) no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
O Sinistro da Educação , Tarso Genro, "se mostrou surpreso com a debilidade estrutural da educação básica no Brasil, cuja consequência direta seria a sobra de vagas no ProUni, em especial dentro do sistema de cotas."
O ministro Tarso faz parte de um governo que já está em seu terceiro ano. Tarso está há muitos meses no ministério também.
Como pode um ministro se mostrar "surpreso" com a situação do ensino médio??
Isto só pode ser uma piada!!!
O quê tem feito nestes meses no ministério?
A incompetência destes elementos só é igualada à sua retórica oca em apoio à qualquer enrolação "politicamente correta". Exatamente como o programa fome-zero se descobre que os reais problemas do Brasil passam ao largo das prioridades do governo.
Este senhor deveria ser imediatamente demitido do cargo, após tal demonstração de ignorância e incompetência.
Tsunami ou "Tsu-zilla": para Al-jazeera maremoto foi causado pelo homem, como o Godzilla
Depois das terríveis ondas de 26-12-2004, uma outra onda varreu o globo: a ajuda humanitária.
Mas para os radicais de sempre isto não conta. Preferem dar vazão à ataques sem propósito, continuando a investir tempo de esforços não na união dos povos - que seria o adequado a uma tragédia tão intensa quanto a verificada na Ásia - mas na distribuição de ódios variados.
O World Net Daily publica duas notícias interessantes nesta linha.
WorldNetDaily: Para a Autoridade Palestina, "os EUA e os Judeus causaram o Tsunami". A relação entre os eventos parece inverossímil mas seus autores conseguem a proeza de dizer que o Tsunami foi um castigo de Allah aos fiéis que se envolvem com os americanos e judeus... Se fosse assim tão simples, por quê Allah não enviou esta tragédia para Israel e os Estados Unidos, diretamente??
Outro artigo chega a ser cômico:
Al-Jazeera's tsunami conspiracy theories: Arab news service reports chatter about plots, India-Israel nuke test implicated
Desta vez o próprio terremoto que originou o Tsunami foi "fabricado" ou por testes nucleares submarinos ou por armas de pulso eletromagnético. Adivinhem que teve participação nisto? É claro, os Estados Unidos e Israel.
O artigo acima refuta uma a uma as tais "teorias" mas leva a uma questão: quando o objetivo é atacar os inimigos de sempre (EUA/Israel) quão longe irão seus detratores?
Não sei, mas lendo esta última matéria, parece-me que a inspiração destas teorias não foram a ciência mas uma outra fonte também americana:Hollywood. Em "Godzilla" de 1998, o lagartão é gerado por uma mutação genética em função dos experimentos nucleares da França no atol de Mururoa (lembram-se disto? Chirac ocupou o posto de inimigo mundial neste ano) . O bicho cresce, aparece e vai atacar.... Nova Iorque.
Estas teorias amalucadas parecem ter sido inventadas por algum roteirista de filme B. O pior é que acabam sendo veiculadas como "verdade" para uma boa parcela da população, já sofrendo o bastante com a tragédia.
Apesar de não ter atacado os Estados Unidos, sugiro que a Al-Jazeera, para ser fiel às suas teorias, se refira ao trágico acontecimento não mais como "Tsunami" mas como "Tsu-zilla"...
Assinar:
Postagens (Atom)