terça-feira, janeiro 11, 2005

Os Mestrandos "skinheads"

Admiro demais os artigos do Janer Cristaldo. Mas acho que ele foi levado a analisar somente um dos lados desta questão quando escreveu no artigo "Milho aos Porcos" no MSM:
Entre as muitas anomalias da universidade brasileira - escrevi então - estão os mestrandos quarentões. Aquela iniciação à pesquisa, pela qual o candidato deveria optar tão logo terminasse o curso superior, é adiada para uma idade em que do acadêmico já se espera obra consolidada. Pior mesmo, só os doutorados de terceira idade. Marmanjos de cinqüenta e mais anos, em idade de aposentar-se, postulando um título que só vai servir para pendurar junto com as chuteiras. (...) Mestrado não é para carecas.

Tem de se analisar a questão sob um ponto de vista mercadológico. Acredito que nem todas as pessoas que cursam um mestrado pretendem apenas pendurar o troféu numa parede antes de se aposentar.
Situar que somente jovens podem cursá-lo é um exagero em minha visão. Há que situar a questão dentro do universo do mercado de trabalho brasileiro.
Existem pessoas que sempre quiseram fazer determinada especialização, mestrado mas nunca tiveram ou condições financeiras ou tempo disponível para sua consecução. Estas pessoas finalmente conseguem a união destas condições em uma idade avançada. Fazer o quê? Abandonar um objetivo acalentado durante décadas pelo motivo da idade?

Outro questionamento é se a busca pelo conhecimento é um fim em si mesma ou deve gerar obrigatóriamente um retorno para a sociedade? Seria bom que fosse, mas o fato de haver mestrandos em idade provecta não significa que não haverá pesquisa.

As restrições do mercado é que podem produzir aquelas pérolas citadas como o fato de haver motorista de táxi com pós-graduação e ascensorista com ensino superior. A falta de empregos na mesma taxa de crescimento da população gera processos de seleção cada vez mais Darwinistas, cada vez mais excludentes. Isto gera critérios absurdos de desempate na luta pelo emprego, "diferenciais" como "porteiro com conhecimento em word e excel" acabam desempatando os processos de seleção mais acirrados.
A falta de um mercado vendedor de empregos é a "mãe" de todas as distorções. E isto só se resolve com políticas econômicas liberais.

Esta mesma falta de vagas, agora para os recém-formados faz com que inúmeros talentos para a iniciativa privada escolham desperdiçar anos em cursos de pós-graduação e mestrados em que não tem a mínima intenção de se aprofundar, somente para ganhar mais títulos para eventuais critérios de "desempate" numa futura dsiputa por um lugar ao sol no mercado de trabalho.

De qualquer forma, para evitar o rótulo de "mestrando careca" vou providenciar uma peruca quando efetivar minha intenção de complementação curricular...




Um comentário:

Anônimo disse...

viva os skinheads