sexta-feira, janeiro 26, 2007

Ainda a polêmica sobre o aborto X criminalidade (ou “Le Freak-o-Moron”)

Tenho recebido milhares de um ou dois e-mails contestando minha crítica
ao que Políbio Braga escreveu sobre o livro de Steve Levitt e de um outro autor chamado “Freakoconomics” onde o aborto é citado como uma das causas (a mais comentada por sinal) da redução da criminalidade nos EUA durante os anos 90.

Minha crítica se valeu muito do que Ann Coulter cita em seu livro “Godless” sobre a politização das ditas causas da redução da criminalidade.

Mas os defensores de Roe vs Wade (o caso que deu origem à decisão da Suprema Corte americana em 1973 liberando o aborto) citam exaustivamente o trabalho sério de Levitt no livro supra-citado.

Não li o livro e isto tem sido o cavalho de batalha desde então.

Obtive na internet o trabalho de Steve Levitt intitulado “Understanding Why Crime Fell in the 1990s: Four Factors that Explain the Decline and Six that Do Not”, que parece ser o cerne do argumento exposto no livro.

Nele, Levitt “separa” o que ele acredita que tenha a ver com a queda e os fatores que ele acredita que não.Entreos que ele coloca como os responsáveis estão (na ordem que ele mesmo menciona)

  1. Aumento do efetivo policial

  2. Aumentoda população carcerária
  3. Término da onda epidêmica do crack
  4. Legalização do aborto
E os fatores que ele acredita que não tiveram influência sobre as estatísticas

  1. Boom econômico dos anos 90

  2. Envelhecimento da população
  3. Melhoria nas estratégias policiais (efeito "Giuliani")
  4. Leis proibindo o porte de armas
  5. Leis permitindo o porte de armas
  6. Aumento no número de penas de morte
Analisando o documento, tiro a minha conclusão de que é completamente tendencioso.

Vejamos:

Dos pontos tidos como responsáveis pela queda, número um e dois são inquestionáveis. Sobre o aumento da população carcerária, eu reproduzo o gráfico do estudo abaixo.

http://luis.afonso.googlepages.com/carceration_rate.jpg


O ponto número 3 é duvidoso. Como a onda do crack terminou? Me parece que foi fruto dos pontos 1 e 2 do que um fator “aleatório”: Com mais policiais nas ruas e o aumento da população carcerária, é óbvio que
muitos trraficantes foram tirados de circulação.

O ponto 4 é o menos citado no estudo mais o mais comentado. A liberação do aborto como causa da redução
da criminalidade. Estranhamente sobre este ponto não há nenhum gráfico mostrando por exemplo o número de
abortos ilegais pré e pós 1973. Nada disso. Apenas isso é citado:

A teoria se baseia em duas premissas 1) crianças não desejadas são mais propensas ao crime e 2) o aborto legalizado leva a uma redução no número de filhos não desejados”

E tome muitos dados sobre a redução no número de crimes contra a criança onde existe o aborto legalizado.

Na minha opinião se trata simplesmente não de redução no crime, mas de não contabilização deles, afinal o aborto não é um crime contra uma criança (ainda não nascida)?

Agora dentre os fatores que “não têm” a ver com a queda ele cita o efeito Giuliani (número três) como
insignificante. Isto é uma mentira deslavada.

Diz que a taxa já estava caindo desde o início dos anos 90. Vejamos o que diz a Ann Coulter em “Godless”:

Mesmo depois do sucesso triunfal de Giuliani, democratas negaram seu reconhecimento. Aqueles que não acreditam nunca irão acreditar. Eles começaram dizer que as taxas de criminalidade já estavam caindo durante a gestão de Dinkis (prefeito democrata de NY antes de Giuliani) - como se a
redução de 2.154 mortes em 1991 para 1.995 em 1992 fosse o equivalente à Batalha de Midway. Provavelmente foi erro de totalização”.

"No primeiro ano de Giuliani (1993) as taxas de criminalidade caíram 16% no primeiro ano e mais 14% no segundo. 35% da queda nas taxas nacionais de criminalidade de 1993 a1995 foram atribuídas somente â redução do crime em Nova York, durante a gestão de Giuliani e William Bratton (chefe de polícia)”.

Isto é “bias” em sua mais perfeita forma. O que Levitt credita para o aumento extraordinário do número do população carcerária? A falta de crack para traficar fez os criminosos se entregarem? É óbvio que a mudança na
estratégia policial sob Giuliani teve sim um efeito no aumento do número das prisões.

E mente dizendo que não houve grandes mudanças entre a “queda” em pouco menos de 160 mortes entre 1991 e 1992 sob Dinkis e a devastação do crime sob Giuliani.

O ponto 5 – a permissão de portar armas não ter peso significativo na redução dos crimes- é outro furo, mas o pior fica por conta do argumento de número seis.

A quatruplicação do número de penas capitais entre os anos 80 e os 90 é citada como um “fraco desestimulante ao crime” pois a longa espera no “corredor da morte” com dezenas de recursos e protelações faz a idéia da morte distante do possível criminoso. Nada é tão falso.

Veja o gráfico que eu preparei (me pareceu intencional que um dado estatístico tão importante não tenha sido agraciado com um gráfico comparativo).http://luis.afonso.googlepages.com/penademorte_eua.jpg

A diferença é brutal! De 117 nos anos 80 para 478 nos anos 90.Pode ser que o tempo passado no corredor da morte seja realmente alto, mas o fato é que se matou quatro vezes mais de criminosos nos anos 90! Será que isso não tem nenhum efeito na mente e nas intenções de um futuro criminoso? É óbvio que sim!

Devo admitir isso mesmo sendo pessoalmente contra a pena de morte.

Conclusão:

O bias politicamente correto (e democrata) de tal trabalho é escancarado. Diminui a responsabilidade por todos as iniciativas de combate direto ao crime, tomando o cuidado de conceder a alguns pontos (consequências) um peso alto nas causas da queda ao mesmo tempo que define como irrelevantes as causas primeiras das consequências, trocando-as pela teoria – sem nenhum dado mais apurado do que “sugestões” como Levitt a define – da liberação do aborto como uma das causas principais.

Levitt no final das contas é um dedicado pregador de sua religião, o esquerdismo politicamente correto.

Tags: steve levitt | polibio braga | pena de morte | Giuliani | freakonomics | Ann Coulter | aborto | Crime

quinta-feira, janeiro 25, 2007

Políbio Braga cai no conto de que o aborto diminui a criminalidade

Políbio Braga cai na asneira politicamente correta de que aborto diminui a criminalidade. E apóia sua "tese" em literatura de terceira. No Brasil, qualquer idiotice que lidera os mais vendidos é lida como verdade absoluta... Leia o trecho.

Steven Levitt e Stephen Dubner, no livro “Freakonomics”, no capítulo 4,
(página 119, “Onde foram parar os criminosos ?”) demonstram que 20 anos
depois que a Suprema Corte dos EUA autorizou o aborto (caso Roe x
Wade), os índices de criminalidade despencaram drasticamente. 20 anos
depois é o tempo que as crianças nascidas de modo indesejado levariam
para se tornar adultos (e criminosos).


O trecho foi citado dentro de uma matéria que fala que pais responsáveis (e heterossexuais) diminuem a possibilidade dos filhos serem criminosos!!!

O absurdo é patente em várias fases:

  1. O aborto só poderia ser a causa de menor criminalidade se ele mesmo não fosse considerado um crime.
  2. Dá a entender que todos os filhos abortados seriam criminosos, ou pelo menos a maior parte deles, o que é um determinismo idiota (filho de pobre ou criminoso seriam automaticamente criminosos).
    No fim acaba justificando a pena de morte, pois ela só é aplicada a quem realmente cometeu algum crime, o que , frente ao aborto indiscriminado é muito mais justo.
  3. Esta estória de que a liberação do aborto é causa da diminuição da criminalidade é invencionice dos democratas para não admitir a vitória das políticas republicanas implantadas na década de 90 em Nova York e em muitas outras cidades americanas.(Veja matéria no Mídia Sem Máscara)
    .
Qual a política implantada?
A criminalização do crime, oras. Construção de mais prisões, tolerância zero e sem programas de liberação ou indultos de presos.
Só para citar um livro também:
"Godless - The Church of Liberalism" Ann Coulter página 46.
"Mesmo depois do sucesso triunfal de Giuliani, democratas negaram seu reconhecimento. Aqueles que não acreditam nunca irão acreditar. Eles começaram dizer que as taxas de criminalidade já estavam caindo durante a gestão de Dinkis (prefeito democrata de NY antes de Giuliani) - como se a redução de 2.154 mortes em 1991 para 1.995 em 1992 fosse o equivalente à Batalha de Midway. Provavelmente foi erro de totalização. Ou eles atribuem a queda brutal da taxa de criminalidade sob Giuliani ao fim da epidemia do crack, à economia, e mais elegantemente, ao aumento dos abortos entre os `pobres` no início dos anos setenta.
O que espanta é que para os `liberals`a queda da criminalidade nunca tem a ver com a prisão e punição dos criminosos!! Sob nenhuma circunstância váo concordar com as causas da reduçáo da criminalidade serem explicadas pela aplicação da lei, penas mais longas aos criminosos e apoio à polícia.
Dizer que o fim da epidemia do crack acabou com a onda de crimes não responde à questão. Afinal quem acabou com a epidemia de crack? É como dizer que a o fim da onda de crimes acabou com a onda de crimes.
E deve ter havido uma taxa de abortos dos infernos na primeira metade do século vinte para que a nação tenha gozado de tão baixas taxas de criminalidade até os anos sessenta..."

Tags: polibio braga | GODLESS | freakconomics | criminalidade | Ann Coulter | aborto | Health

terça-feira, janeiro 23, 2007

Janer e o MSM

Juro que não sabia desta história...
 
Mas sobre censura do MSM ao Janer e da ZH ao Olavo acho que o autor mistura alhos com bugalhos.
Ou "garlics with bugarlics"...
a) O Olavo tinha uma colha dele no ZH. Numa coluna com seu nome tu és dono do espaço e não o editor.
b) Janer não tinha coluna "dele" no MSM, mas parecia que tinha. Todos os artigos eram publicados como se houvesse obrigatoriedade contratual entre eles.
c) Eu mesmo tenho dezenas de artigos não publicados no MSM. Não acho que o MSM tenha obrigação de publicá-los nem acho que isso seja "censura".
d) Olavo já defendeu Janer anteriormente.
e) Sobre o "Foro de São Paulo": Se acham normal  narcoterroristas sentarem à mesa com governos democráticos, se ninguém da esquerda light censura os radicais é claro que estão nessa juntos e existe uma concordância de meios, mesmo que para o consumo interno de cada país haja críticas ap Chavez, Evo, etc.. Realmente quem está fora da realidade....
e) Sobre fanatismo religioso: Nenhuma palavra sobre o fanatismo anti-religioso?? Quem começou a história primeiro?? A defesa é proporcional ao ataque... Não houve nenhuma pre-emptive war aqui.
 
Na minha opinião Janer está criando um factóide. Uma espécie de César Maia do liberalismo...
 
 

Janer Cristaldo
Baguete (liberação de imprensa) - Porto Alegre,RS,Brazil
Curioso que esse argumento não foi aceito quando Olavo de Carvalho teve artigos seus vetados no Globo, Zero Hora, Época e Istoé. ...