Segundo a "Wikipédia", "Abu Zayd 'Abd al-Rahman ibn Muhammad ibn Khaldun al-Hadrami ou Ibn Khaldun (Norte da África, atual Túnis[1] , 27 de Maio de 1332/ah732 — Cairo, 17 de Março de 1406/ah808) foi um polímata árabe[2] [3] — astrônomo, economista, historiador, jurista islâmico, advogado islâmico, erudito islâmico, teólogo islâmico, hafiz, matemático, estrategista militar, nutricionista, filósofo, cientista social e estadista."
Aqui, suas considerações sobre seu próprio povo.
IBN KHÂLDUN – Historiador e Humanista
(J. Laginha Serafim) Pp. 57-58
(...) Pelas suas leituras da história sobre a evolução do mundo islâmico (desde a Hégira) e pela sua própria observação, Ibn Khâldun convenceu-se, quiçá sem toda a razão, vista hoje as coisas, da enorme degradação que se verificou nesse vasto mundo.
É ele próprio que o diz (numa crítica, desajeitada e injusta, ao seu povo e à sua civilização); "Todas as terras conquistadas pelos Árabes rapidamente se arruínam" (M, I,302.) "A maioria dos homens cultos entre os muçulmanos é de nascimento estrangeiro." "De todos os povos, os Árabes são os menos hábeis para governar e têm a menor disposição para as artes; a maioria dos seus edifícios caem aos pedaços", e, finalmente, para os conquistadores: “São os povos menos civilizados que fazem as maiores conquistas”, ou ainda esta seleção:
“Em todos os países que os Árabes conquistaram, desde os séculos mais remotos, a civilização desapareceu, assim como a população; até o próprio solo parece ter mudado de natureza.”
“No meu país de origem (o Iêmen) todos os centros de população estão abandonados, com excepção de alguma grande cidade. O Iraque árabe sofreu a mesma ruína e todas as belas culturas que os Persas lhes cobriram as terras desapareceram. Em nossos dias, a Síria está arruinado; a Ifrigiyah (Tunísia e Líbia actuais) e o Magrebe (o Oeste do Egipto, mais especificamente o Norte da Argélia e o Marrocos de hoje – Maghrib al-Agsa e a Espanha muçulmana, ou Al Andalus) padecem ainda das devastações cometidas pelos Árabes.”
“No quinto século da Hégira (século VI da era crista), os Banu Hilal e os Sulaim (das mais importantes tribos árabes tradicionais) invadiram estas províncias (do Oeste) e, durante três séculos e meio, obstinaram-se em devastá-las, reduzindo-as à mesma sorte miserável das outras, a tal ponto que as suas planícies tornaram-se desertos até hoje. Antes desta invasão, toda a zona que se estende desde os países dos Negros (Sudão) até ao Mediterrâneo (ocidental) era habitada; os vestígios da sua antiga civilização (fenícia, cartaginesa, grega e romana), os escombros dos edifícios e monumentos, as ruínas das cidades e das aldeias, ficaram sendo testemunhas das grandezas do passado.” (P, I, 264)..
Ibn Khâldun, alias, vai ainda mais longe nas suas acusações à maneira de ser dos Árabes, que talvez sejam exageradas, por não ter, quiçá, tida em conta outros aspectos muito positivos do seu esforço na expansão do islão, que ainda hoje se processa de uma forma pacífica – talvez única na história das expansões religiosas. Assim é que diz :(P, I, 265):
“De todos os povos da Terra, os Árabes são os menos dispostos à subordinação.” (P, I, 265)
“De todos os povos da Terra [eles] são os menos capazes de governar um império”, e nenhum “forneceu tantas dinastias como a raça árabe” (isto é, foi o povo que mais se dividiu). (P,I,266)