Novo texto meu no Mídia sem Máscara:
Eis abaixo o texto integral: com o título original - uma citação de música da "Gang of Four" (que se diziam socialistas...) uma homenagem às avessas e mais a citação da paralaxe cognitiva com seu criador, Olavo de Carvalho...
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"I found that Essence Rare" - Minha descoberta racional do conservadorismo
Sempre imaginei o ser humano como resultado concreto e final de um exercício de criação divino.
Isso pode ser um pouco religioso ou metafísico demais para um mundo que se acostumou a nivelar tudo por baixo, que simplesmente finge que o que não entende "não existe", mas é ainda a melhor explicação para o ser humano.
"Melhor" por quê? Oras porque não somos de maneira alguma "animais". Talvez a classificação do ser humano como representante do reino animal – feita pelo próprio ser humano – seja o único caso em que a famosa "paralaxe cognitiva"* Olaviana seria de fato autêntica. Explico: o simples fato do homem ser o único ser que tem a capacidade de classificar dentro de uma estrutura racional de significados todos os outros animais o deveria colocar automaticamente fora desta mesma classificação – afinal, nenhum dos animais analisados é capaz de tal façanha. Então o homem, quando classifica todas as espécies animais em filo, gênero e espécie, se coloca evidentemente numa visão superior a todos os animais. E o faz por estar fora desta mesma classificação. Foi nada menos do que uma tragédia o fato de que ao final do processo tenha ele mesmo se auto-classificado junto aos primatas, com um título nada animador de "animal racional". Nem o cargo de "rei dos animais" nos sobrou.
Pois bem, esta percepção de que estamos acima do reino animal em todos os aspectos, menos no "construtivo", é derivada de um senso comum. E a origem deste "senso comum", descobri agora há pouco, tem a ver com uma tradição conservadora.
Encontrei num dicionário na web uma definição de “conservador” absolutamente perfeita: “é o sujeito otimista com relação ao passado e pessimista com relação ao futuro”. É exatamente isto. E ainda acrescento que o pessimismo em relação ao futuro se dá na exata percepção de avançamos no tempo perdendo a cada dia pedaços ainda maiores de nossa própria humanidade. Num futuro não muito distante talvez nem o título de animais “racionais” possamos usar. O racionalismo é conservador.
Mas de onde surge esta sensação de perda? Não é nostalgia. Para mim é o simples ceticismo que acompanha qualquer análise minimamente racional da atualidade.
Descobri que o meu modo de funcionamento era mesmo este: sempre desconfiar de qualquer explicação inovadora ou "revolucionária", daquelas tipo "esqueça tudo o que você já viu sobre...". O fato é que não dá para esquecer, não podemos partir do zero a cada pseudo revolução. Este é o ponto. Se a “novidade” é inconsistente, prefiro ficar com a última explicação.
Este é o por quê do meu apego pelo capitalismo: não é que eu morra da amores por ele (já escrevi até que o "odeio" em post anterior), mas é o único sistema econômico que funcionou até hoje. E o que mais respeitou a liberdade individual e econômica , quando atrelada ao regime democrático.
O binômio capitalismo (liberal) de um lado e a democracia de outro são dois dos pilares básicos do que eu chamaria de "realismo" político/econômico. Considero como "realismo" tudo o que se pode estabelecer como verdade absoluta ou pelo menos a coisa mais próxima dela. No caso do capitalismo e a democracia ainda têm a vantagem de serem verdades perfeitamente mensuráveis: não há outro regime que possa ser considerado mais justo e mais eficiente em produzir riquezas e gerar satisfação material às pessoas.
O fato de haver milhares de pessoas lutando por ditaduras e pela implantação de alguma forma de comunismo hoje em dia, só me faz ver que existe outras verdades absolutas: a burrice e a apatia mental dos tempos atuais são incontestáveis.
Mas faltava alguma coisa: eu tinha elementos realistas para embasar minha defesa da liberdade política e econômica mas não para um sistema de valores morais ou "humanistas", em que se baseia o conservadorismo.
Mas havia a certeza de que o binômio democracia/capitalismo só pode existir num ambiente social no qual as pessoas compartilhem a mesma visão e os mesmos valores morais. É o que chamam de sociedade de confiança.
Voegelin observou como o “senso comum” era um grande diferencial nas sociedades britânicas e americanas. Um senso comum tão arraigado que "blindou" estes países às influências mais perversas do século vinte: totalitarismo nazi-fascista e comunista. O senso comum é também a minha base de avaliação do mundo. É uma percepção intuitiva de conservadorismo.
A base deste conservadorismo não é só a “nostalgia” do passado ou a manutenção de tradicionalismos. Significa que determinados valores não podem ser colocados de lado em favor de outros "mais evoluídos" simplesmente pela razão de que a "evolução" nunca ter sido provada.
A compreensão de que minha simpatia pelo passado era muito mais do que simples "nostalgia", mas a intuição de que elas abarcavam definições muito mais completas e complexas da própria humanidade, veio com o estudo dos filósofos clássicos.
A isto eu devo imensamente ao meu mestre Olavo de Carvalho: antes de tudo Olavo é um grande divulgador da tradição filosófica conservadora, traçando uma linha que vai dos antigos gregos até o judaísmo-cristianismo. Ao conhecer a história do pensamento filosófico, acabei por conhecer os fundamentos teóricos do conservadorismo.
Com isso pude enfim somar mais um sustentáculo – o mais importante – ao edíficio do capitalismo liberal e democrático. Sem uma base de defesa de valores conservadora, o edifício não se sustenta.
No mundo de hoje, isso é especialmente dramático.pois o curso do pensamento conservador acabou assoreado por toneladas de relativismos, pós-modernismos entre outros, que transformaram a filosofia num grande supermercado de idéias, sem que nenhuma contradiga outra.
Os tempos atuais avançam até para dizer que o conservadorismo, o realismo não passam de mais um relativismo...
Tomo como exemplo a obra do "filósofo" Charles Feitosa "Filosofia com arte" em que sob o capítulo "vantagens e desvantagens do relativismo" afirma que o realismo ( e os realistas) querem impor a "sua" visão a todos os outros. Cita como exemplo de "realista" o nacional-socialismo alemão... Do outro lado temos o relativismo, que é uma maravilha, pois "respeita" a todos os tipos de pensamento..
O autor só não explicou como "realistas" puderam relativizar até mesmo a existência de seres humanos como fizeram nazistas e comunistas...
Para finalizar: a descoberta da tradição filosófica na qual se baseia o conservadorismo foi para mim como se encontrasse, no fundo de uma caverna esquecida, um tesouro, uma essência rara. Nossa obrigação é a de guardar e espalhar esta boa nova às novas gerações.
*- “paralaxe cognitiva” é o fenômeno pelo qual o observador se coloca fora do campo de ação do fenômeno “universal” que pretende explicar. Exemplos: Marx explicando que à classe trabalhadora e não à burguesia pertencia o futuro da humanidade (Marx era um burguês); Maquiavel defendendo que o príncipe deveria em primeiro lugar eliminar os seus apoiadores e influenciadores, dando a entender que ele mesmo, Maquiavel, deveria ser uma das primeiras vítimas de sua invenção.
sábado, maio 21, 2005
terça-feira, maio 17, 2005
2+2 são cinco!!!
Marcelo Amorim, num artigo demolidor, compara matematicamente a ditadura castrista e o regime militar no Brasil:
"A ditadura de Fidel, tão defendida pelos intelectuais socialistas brasileiros matou, em 50 anos, aproximadamente 17000 pessoas (segundo organizações que defendem os direitos humanos). Sendo a população cubana de 11 milhões de habitantes, pode-se dizer que a cada 1000 pessoas, mais de 1 foram mortas pelo governo totalitarista da ilha caribenha".
Chega à conclusão:
"Por que, então, os nossos acadêmicos continuam defendendo o regime de Castro? Porque num país de ignorantes como o Brasil, fazer parte da elite intelectual não quer dizer ser inteligente, basta ser menos inepto que a média.(..)Nossos intelectuais são forjados no exterior, e adoram seguir modismos, principalmente europeus. Um continente que, em menos de um século, foi berço do fascismo e do comunismo, não pode ser considerado o nascedouro ideal de idéias libertárias".
Vou ainda mais longe, meu caro Amorim, se a matemática é "reacionária", ainda vão criar uma versão politikamente korreta da mesma. Seria algo como multiplicar é burguês e egoísta enquanto dividir é "do bem", já que presume uma igualdade, uma divisão igualitária...
Imagine então a exponenciação: coisa de capitalista selvagem!!
"A ditadura de Fidel, tão defendida pelos intelectuais socialistas brasileiros matou, em 50 anos, aproximadamente 17000 pessoas (segundo organizações que defendem os direitos humanos). Sendo a população cubana de 11 milhões de habitantes, pode-se dizer que a cada 1000 pessoas, mais de 1 foram mortas pelo governo totalitarista da ilha caribenha".
Chega à conclusão:
"Por que, então, os nossos acadêmicos continuam defendendo o regime de Castro? Porque num país de ignorantes como o Brasil, fazer parte da elite intelectual não quer dizer ser inteligente, basta ser menos inepto que a média.(..)Nossos intelectuais são forjados no exterior, e adoram seguir modismos, principalmente europeus. Um continente que, em menos de um século, foi berço do fascismo e do comunismo, não pode ser considerado o nascedouro ideal de idéias libertárias".
Vou ainda mais longe, meu caro Amorim, se a matemática é "reacionária", ainda vão criar uma versão politikamente korreta da mesma. Seria algo como multiplicar é burguês e egoísta enquanto dividir é "do bem", já que presume uma igualdade, uma divisão igualitária...
Imagine então a exponenciação: coisa de capitalista selvagem!!
segunda-feira, maio 16, 2005
Olavo de Carvalho sobre o Fórum da Liberdade
O mais recente artigo do Olavo na ZH, sobre o fórum da liberdade, "Mico Rápido", que reproduzo abaixo, tece o mesmo comparativo entre Oded e Betinho que escrevi no meu post de 04 de maio : uma feliz coincidência de pontos de vista! :)
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"Mico rápido
OLAVO DE CARVALHO/ Filósofo
O 18º Fórum da Liberdade parece ter obtido até mais repercussão do que os anteriores, mas o desequilíbrio continua: nem em recursos financeiros, nem em apoio oficial, nem em espaço na mídia nacional e internacional, o corajoso empreendimento de um pequeno grupo de empresários gaúchos liderados por Jorge Gerdau pode competir com o show bilionário do Fórum Social Mundial.
Também não se compara com ele no espírito e na conduta: o FSM é uma apoteose de autoglorificação socialista que não dá a mínima chance para vozes discordantes, enquanto o Fórum da Liberdade leva a liberdade a sério e, organizado por liberais e conservadores, faz questão de convidar sempre seus adversários esquerdistas para que ali digam o que bem entendam ou - como é de seu costume - não entendam.
Não é de hoje que os pobres repartem seu pão enquanto os ricos lambem até as migalhas para não deixá-las a ninguém. A única novidade é que, na farsa pirandelliana da mídia brasileira, a pletora de dinheiro global do FSM, suficiente para entupir toda uma rede de propinodutos, posa oficialmente como representante dos pobres e oprimidos, enquanto a modéstia dos recursos inteiramente locais do Fórum da Liberdade personifica a odiosa classe dominante internacional que explora e suga os coitadinhos.
Desta vez, por exemplo, coube a mim, cujos bens somam dois hidrolotes na Ilha Comprida e um cartão de crédito estourado, representar o opressor capitalista contra a massa dos humilhados e esfarrapados que ali se materializou na pessoa do senhor Oded Grajew.
O senhor Grajew é aquele empresário que, condoído de que os esquerdistas tivessem de se virar com os lucros das Farc e do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria, do Chile), com as contribuições da Comunidade Européia, da ONU, das fundações Rockefeller, Ford, MacArthur e George Soros, além dos dízimos do PT e incontáveis subsídios federais, criou o Instituto Ethos para socorrê-los em tão difíceis circunstâncias, juntando para isso o apoio de mil empresas, a quarta parte do PIB, e tornando-se destarte a encarnação viva da bondade socialista no mundo cruel e desumano do mercado.
Com regularidade notável, o Brasil produz a cada geração um novo empreendimento dessa ordem, condensando-o simbolicamente na figura de um benfeitor carismático que, até ser esquecido por completo, consta para todos os fins como o ápice das virtudes humanas. Antes era a Campanha do Betinho. Agora é a Campanha do Odedinho.
A sigla "Ethos" parece que quer dizer, no idioma luliano, "Êu Tamêim Hezíjo Os Subzídiu".
Entre outras iniciativas meritórias, a organização que leva esse nome distribui às empresas brasileiras um educativo formulário que lhes permita avaliar se estão em dia com as exigências da moral politicamente correta ou se permanecem em pecado, distribuindo empregos pela ordem de chegada dos candidatos em vez de fazê-lo, como é decente, pelos critérios odédicos de raça e predileções eróticas.
À estupefata platéia do Fórum, o senhor Oded explicou que as eleições brasileiras são viciadas pelo financiamento privado das campanhas, que favorece os candidatos direitistas. Indagado pela mediadora Ana Amélia Lemos sobre como então o candidato esquerdista apoiado por ele na última eleição presidencial conseguira obter a maior quantia em dinheiro de campanha - não havendo mesmo candidatos direitistas para embolsar contribuições por mínimas que fossem -, o senhor Oded não julgou que isso fosse assunto digno da sua atenção.
Convocado a debater com ele, não pude no entanto explicar ao palestrante o que pensava de seus atos e opiniões, já que, após expor à platéia os méritos inumeráveis da sua campanha e as maldades do capitalismo, o referido se ausentou instantaneamente do plenário do Fórum, alegando compromissos súbitos e optando assim pela forma mais rápida e indolor de pagar o mico".
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"Mico rápido
OLAVO DE CARVALHO/ Filósofo
O 18º Fórum da Liberdade parece ter obtido até mais repercussão do que os anteriores, mas o desequilíbrio continua: nem em recursos financeiros, nem em apoio oficial, nem em espaço na mídia nacional e internacional, o corajoso empreendimento de um pequeno grupo de empresários gaúchos liderados por Jorge Gerdau pode competir com o show bilionário do Fórum Social Mundial.
Também não se compara com ele no espírito e na conduta: o FSM é uma apoteose de autoglorificação socialista que não dá a mínima chance para vozes discordantes, enquanto o Fórum da Liberdade leva a liberdade a sério e, organizado por liberais e conservadores, faz questão de convidar sempre seus adversários esquerdistas para que ali digam o que bem entendam ou - como é de seu costume - não entendam.
Não é de hoje que os pobres repartem seu pão enquanto os ricos lambem até as migalhas para não deixá-las a ninguém. A única novidade é que, na farsa pirandelliana da mídia brasileira, a pletora de dinheiro global do FSM, suficiente para entupir toda uma rede de propinodutos, posa oficialmente como representante dos pobres e oprimidos, enquanto a modéstia dos recursos inteiramente locais do Fórum da Liberdade personifica a odiosa classe dominante internacional que explora e suga os coitadinhos.
Desta vez, por exemplo, coube a mim, cujos bens somam dois hidrolotes na Ilha Comprida e um cartão de crédito estourado, representar o opressor capitalista contra a massa dos humilhados e esfarrapados que ali se materializou na pessoa do senhor Oded Grajew.
O senhor Grajew é aquele empresário que, condoído de que os esquerdistas tivessem de se virar com os lucros das Farc e do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria, do Chile), com as contribuições da Comunidade Européia, da ONU, das fundações Rockefeller, Ford, MacArthur e George Soros, além dos dízimos do PT e incontáveis subsídios federais, criou o Instituto Ethos para socorrê-los em tão difíceis circunstâncias, juntando para isso o apoio de mil empresas, a quarta parte do PIB, e tornando-se destarte a encarnação viva da bondade socialista no mundo cruel e desumano do mercado.
Com regularidade notável, o Brasil produz a cada geração um novo empreendimento dessa ordem, condensando-o simbolicamente na figura de um benfeitor carismático que, até ser esquecido por completo, consta para todos os fins como o ápice das virtudes humanas. Antes era a Campanha do Betinho. Agora é a Campanha do Odedinho.
A sigla "Ethos" parece que quer dizer, no idioma luliano, "Êu Tamêim Hezíjo Os Subzídiu".
Entre outras iniciativas meritórias, a organização que leva esse nome distribui às empresas brasileiras um educativo formulário que lhes permita avaliar se estão em dia com as exigências da moral politicamente correta ou se permanecem em pecado, distribuindo empregos pela ordem de chegada dos candidatos em vez de fazê-lo, como é decente, pelos critérios odédicos de raça e predileções eróticas.
À estupefata platéia do Fórum, o senhor Oded explicou que as eleições brasileiras são viciadas pelo financiamento privado das campanhas, que favorece os candidatos direitistas. Indagado pela mediadora Ana Amélia Lemos sobre como então o candidato esquerdista apoiado por ele na última eleição presidencial conseguira obter a maior quantia em dinheiro de campanha - não havendo mesmo candidatos direitistas para embolsar contribuições por mínimas que fossem -, o senhor Oded não julgou que isso fosse assunto digno da sua atenção.
Convocado a debater com ele, não pude no entanto explicar ao palestrante o que pensava de seus atos e opiniões, já que, após expor à platéia os méritos inumeráveis da sua campanha e as maldades do capitalismo, o referido se ausentou instantaneamente do plenário do Fórum, alegando compromissos súbitos e optando assim pela forma mais rápida e indolor de pagar o mico".
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