segunda-feira, maio 16, 2005

Olavo de Carvalho sobre o Fórum da Liberdade

O mais recente artigo do Olavo na ZH, sobre o fórum da liberdade, "Mico Rápido", que reproduzo abaixo, tece o mesmo comparativo entre Oded e Betinho que escrevi no meu post de 04 de maio : uma feliz coincidência de pontos de vista! :)
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"Mico rápido
OLAVO DE CARVALHO/ Filósofo

O 18º Fórum da Liberdade parece ter obtido até mais repercussão do que os anteriores, mas o desequilíbrio continua: nem em recursos financeiros, nem em apoio oficial, nem em espaço na mídia nacional e internacional, o corajoso empreendimento de um pequeno grupo de empresários gaúchos liderados por Jorge Gerdau pode competir com o show bilionário do Fórum Social Mundial.

Também não se compara com ele no espírito e na conduta: o FSM é uma apoteose de autoglorificação socialista que não dá a mínima chance para vozes discordantes, enquanto o Fórum da Liberdade leva a liberdade a sério e, organizado por liberais e conservadores, faz questão de convidar sempre seus adversários esquerdistas para que ali digam o que bem entendam ou - como é de seu costume - não entendam.

Não é de hoje que os pobres repartem seu pão enquanto os ricos lambem até as migalhas para não deixá-las a ninguém. A única novidade é que, na farsa pirandelliana da mídia brasileira, a pletora de dinheiro global do FSM, suficiente para entupir toda uma rede de propinodutos, posa oficialmente como representante dos pobres e oprimidos, enquanto a modéstia dos recursos inteiramente locais do Fórum da Liberdade personifica a odiosa classe dominante internacional que explora e suga os coitadinhos.

Desta vez, por exemplo, coube a mim, cujos bens somam dois hidrolotes na Ilha Comprida e um cartão de crédito estourado, representar o opressor capitalista contra a massa dos humilhados e esfarrapados que ali se materializou na pessoa do senhor Oded Grajew.

O senhor Grajew é aquele empresário que, condoído de que os esquerdistas tivessem de se virar com os lucros das Farc e do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria, do Chile), com as contribuições da Comunidade Européia, da ONU, das fundações Rockefeller, Ford, MacArthur e George Soros, além dos dízimos do PT e incontáveis subsídios federais, criou o Instituto Ethos para socorrê-los em tão difíceis circunstâncias, juntando para isso o apoio de mil empresas, a quarta parte do PIB, e tornando-se destarte a encarnação viva da bondade socialista no mundo cruel e desumano do mercado.

Com regularidade notável, o Brasil produz a cada geração um novo empreendimento dessa ordem, condensando-o simbolicamente na figura de um benfeitor carismático que, até ser esquecido por completo, consta para todos os fins como o ápice das virtudes humanas. Antes era a Campanha do Betinho. Agora é a Campanha do Odedinho.

A sigla "Ethos" parece que quer dizer, no idioma luliano, "Êu Tamêim Hezíjo Os Subzídiu".

Entre outras iniciativas meritórias, a organização que leva esse nome distribui às empresas brasileiras um educativo formulário que lhes permita avaliar se estão em dia com as exigências da moral politicamente correta ou se permanecem em pecado, distribuindo empregos pela ordem de chegada dos candidatos em vez de fazê-lo, como é decente, pelos critérios odédicos de raça e predileções eróticas.

À estupefata platéia do Fórum, o senhor Oded explicou que as eleições brasileiras são viciadas pelo financiamento privado das campanhas, que favorece os candidatos direitistas. Indagado pela mediadora Ana Amélia Lemos sobre como então o candidato esquerdista apoiado por ele na última eleição presidencial conseguira obter a maior quantia em dinheiro de campanha - não havendo mesmo candidatos direitistas para embolsar contribuições por mínimas que fossem -, o senhor Oded não julgou que isso fosse assunto digno da sua atenção.

Convocado a debater com ele, não pude no entanto explicar ao palestrante o que pensava de seus atos e opiniões, já que, após expor à platéia os méritos inumeráveis da sua campanha e as maldades do capitalismo, o referido se ausentou instantaneamente do plenário do Fórum, alegando compromissos súbitos e optando assim pela forma mais rápida e indolor de pagar o mico".

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