quinta-feira, outubro 28, 2010

Olavo de Carvalho: As Quatro Glórias Nacionais

Comentário:

O novo artigo do Olavo de Carvalho aponta que as "quatro glórias nacionais", tão valorizadas mundo afora, não tiveram a sua origem no "governo-que-criou-o-Brasil", segundo a propaganda oficial, pelo contrário, foi apenas a continuidade de políticas que já davam certo no período anterior.
O "período anterior" é justamente o governo de oito anos do PSDB. Olavo reconhece o trabalho de FHC, o governo tampão de Itamar Franco- e por extensão o de Serra, como ministro da economia e da saúde.
Portanto, apesar de toda a percepção de que PSDB e PT são irmãos, o grau de periculosidade de ambos é diverso. Afinal Caim e Abel eram irmãos. Esaú e Jacó, idem.
Colocando em termos simples:
Foi o governo do PSDB, para o bem ou para o mal, é que gerou tudo o que o PT hoje orgulha-se: estabilidade econômica como também o financiamento de movimentos quase-terroristas (sabotadores, por certo) como o MST e outros, além da introdução do politicamente correto na cena politica -- fato denunciado por Olavo ainda nos anos 90.
Tudo, efetivamente tudo o que o PT tem, deve ao PSDB.

Mas isso posto, vale ressaltar que apesar de tudo isso, a única vantagem que o PSDB oferece são três. Duas reais e outra dentro do domínio das possibilidades universais.

A primeira: O PSDB respeita as liberdades civis e a constituição.
A segunda: O PSDB não tem militantes de rua.
A terceira: Ou o PSDB acha a sua turma ou desaparece. Por "achar a sua turma" seria, abandonar o culto boboca ao partido irmão e partir para carreira solo. Mas de olho no novo eleitorado sensibilizado com a atual campanha tucana. Um deslocamento à direita.

Os partidos republicano e democrata, nos EUA já passaram algumas vezes por estas transformações. Por que não poderia acontecer aqui?

De qualquer forma, estou dando muito tratos à bola. O voto em Serra é apenas o voto anti-PT possível. Nada além disso.
Leia-se "anti-PT" como "tentativa de adiamento da morte certa por qualquer iniciativa tola ou vã, como tentar atrasar os ponteiros do relógio para ver se ganhamos tempo ou diminuir a velocidade do automóvel rumo ao muro de concreto por puxar o ponteiro da velocidade para trás".
Pura tolice.
A única que nos resta??



Diário do Comércio

Quatro glórias nacionais

Olavo de Carvalho

Leio nas mensagens do Investor's Daily Edge, sempre interessantíssimas, que os investidores internacionais têm quatro razões sólidas para apostar seu dinheiro no Brasil e acreditar que o país pode superar a badalada China nas próximas décadas. São elas:

1. O Brasil já passou pelo pior e fez, de uma vez para sempre, as escolhas decisivas em matéria de estabilidade econômica.

2. O Brasil é uma economia quase auto-suficiente. As exportações fazem apenas 14 por cento do nosso Produto Interno Bruto, o que significa que, na hipótese de um colapso econômico global, sairemos praticamente ilesos, enquanto a China, a Índia, a Rússia e outros autonomeados donos do futuro irão mui provavelmente para o brejo.

3. Ao contrário dos EUA, da Grécia, da Espanha, de Portugal e de tantos outros países, temos dinheiro no banco. Precisamente em razão do fator número 1, nossas reservas financeiras nos põem bem a salvo de qualquer tranco vindo de fora.

4. O Brasil tem imenso potencial agrícola não aproveitado. Enquanto aí pelo mundo as terras produtivas vão escasseando e os limites legais para a sua aquisição vão aumentando, neste país pelo menos uns duzentos e sessenta e sete milhões de acres estão prontos para ser adquiridos a baixo preço e começar a produzir imediatamente. As perspectivas são ótimas: nossa agricultura, essencialmente de livre mercado, é mais rentável que a agricultura subsidiada dos EUA e da maior parte dos países da Europa.

São glórias nada desprezíveis, não é verdade? Mas, ao contrário do que poderiam desejar os adeptos mais afoitos do triunfalismo lulista, o Investor`s Daily Edge deixa claro que as de número 1, 2 e 3 não vêm do mês passado, nem do ano passado, nem, para dizer a verdade, dos últimos oito anos: são o resultado do bom trabalho feito desde a primeira metade da década de 90 pelo presidente Itamar Franco e seu ministro Cardoso, depois presidente e continuador da obra. Se o sucessor deles, Lula, não mexeu no time que herdou nem nos planos de jogo, é apenas sinal de que não é louco ou, se o é, não rasga dinheiro. Lênin ou Mussolini, no lugar dele, não agiriam diferente. Por mais que a memória falhe a quem não deseja recordar, diverso é o mérito de quem faz e o de quem simplesmente não desfaz. Toda a ação econômica do governo Lula foi a de um pato no rio: deixar-se levar pela corrente e grasnar de auto-satisfação.

Quanto ao fator número 4, ele diz respeito precisamente ao tal "agronegócio", aquela coisa que petistas, emessetistas e malucos em geral odeiam como à peste e culpam por todos os males da nacionalidade. Bendita peste, no entanto, que alimenta o Brasil com comida barata, espalha o demônio da obesidade entre os esfaimados e ainda faz do país a menina-dos-olhos dos futuros investidores e um forte concorrente da China na disputa por um lugar privilegiado entre as nações.

O Brasil, em suma, só tem uma economia pujante e um belo futuro graças a três coisas que a esquerda dominante não fez e a uma quarta coisa que ela detesta.

Pensem nisso quando forem votar no próximo domingo.