domingo, outubro 30, 2005

O dia depois do “Não”: desplugando da Matrix??



No dia 23/10 – há uma semana portanto – o Brasil viveu um dia diferente. Fiquei sem escrever sobre o referendo nestes dias para pensar um pouco mais nos prováveis desdobramentos do "Não".


Algumas coisas ficaram visíveis. Os que sempre apoiaram a "democracia direta" - uma democracia apoiada em plebiscitos e referendos, com interferência direta do "povo", desde que por "povo" se entenda os participantes /militantes dos movimentos sociais ou os que já foram devidamente influenciados por eles – pois bem, agora estes defensores começam a mostrar as suas garras. O resultado não foi o esperado pela ONU, IANSA, Ford Foundation, TV Globo, George Soros e por outras ONG's menos votadas ("sorry, periferia"), significando que a doutrinação, parcialidade e total dominação da mídia ainda não são suficientes para abobalhar de vez o eleitorado. Ouso a dizer que esta mesma over-dose foi o que fez a população despertar, num efeito contrário ao da homeopatia – em que pequenas doses de veneno servem para curar – quando se fala em doutrinação política, pequenas doses de mentiras acabam se tornando verdades, mas grandes doses de mentiras, estas acabam rejeitadas .

Pois bem, em vista do resultado avassalador da votação do último domingo, os engenheiros sociais do "Sim" começam a deixar de lado a fantasia de cordeiros. Para estes a "culpa" agora recai sobre o povo – que provou não saber votar.


Luís Fernando Verissimo, filho do grande escritor Erico Verissimo, colunista de costumes e roteirista de sitcom comparou a defesa ao direito de defesa, pregado pelos adeptos do "não" com os que defendiam o "direito a ter um escravo" antes da abolição da escravatura no Brasil em 1888. Comparou os votantes do não à escravagistas.


Não percebeu que para os adeptos do "não", se os escravos tivessem armas, não haveria escravidão.


Outro comentário, este mais significativo veio de John Crook (isto mesmo: João "Escroque") presidente de uma tal organização não-governamental Gun Control Austrália, declarou ao site da BBC brasil que "É uma decisão que marca o Brasil como um país de Terceiro Mundo. Os países terceiro-mundistas não são apenas aqueles com economias em caos, mas também os que não confiam em suas instituições. E essa decisão mostra falta de confiança no sistema legal do país e na habilidade da polícia".


Provavelmente este tal John Crook pode colocar os EUA no rol de nações do "terceiro mundo", afinal a segunda emenda, foi criada pelos "pais fundadores" justamente para defender as instituições de modo que elas não sejam usadas contra a população por corruptos, ladrões e assemelhados. Senhor Crook, estou fora dessa, como dizia Nixon, "I am not a crook".

Outro dado interessante é que o estado brasileiro onde o "não!" teve a maior vantagem sobre o "sim" foi o Rio Grande do Sul, onde moro. Aqui o "não" teve estratosféricos 79% de aprovação. O Rio Grande do Sul por coincidência tem o maior percentual de posse de armas e uma das menores taxas de criminalidade do país.



Mas, fora a baba convulsiva dos pregadores da Nova Ordem, outros dados emergem do referendo: o desmascaramento da Grande Mídia e a quebra do espelho.


Sites como o Mídia Sem Máscara, que tenho o orgulho de participar, onde colunistas como Peter Hof e Heitor de Paola , entre outros, desmontaram uma por uma das falácias cor-de-rosa da turma do SIM, como políticos como Alberto Fraga, Presidente da Frente Parlamentar Pelo Direito da Legítima Defesa, conseguiram derrotar os argumentos da Grande Mídia e foram vencedores, tais como Davi diante de Golias.


O brasileiro não acredita mais na Grande Mídia, nem em Fernanda Montenegro e Chico Buarque que viram sua "credibilidade" ir para o brejo com seu engajamento pelo "sim".

Não sei o quanto esta "falha na Matrix" que foi a derrota do projeto hegemônico mundial pode favorecer o aparecimento de uma verdadeira oposição.

Um dos organizadores da campanha do "Sim", deputado Raul Jungmann disse à Folha de São Paulo "temer a tendência de uma "maré conservadora" devido à vitória do "não".

Aí está o germe da "quebra do espelho": com o fim da confiança nos agentes de influência tradicionais (atores globais, jornalecos e TV globo) quem sabe o povo brasileiro deixa de lado a lenga-lenga auto complacente de "povo pacífico" e "tolerante" e consiga enxergar que – bem debaixo de nossos olhos – existe uma guerra silenciosa no país. Entre o conservadores e liberais como eu e os estatizantes e "reformadores" radicais do espírito humano.

É tempo de escolher um lado. Apesar de o brasileiro amar o consenso e a convivência "harmônica" entre as pessoas, não dá mais para passar a mão na cabeça de quem "finge te amar".

Isto talvez seja o que Jungmann teme quando fala em "onda conservadora". Tem razão o Sr. Jungmann, pois se tal onda realmente vier a acontecer, será como desplugar milhares da Matrix ao mesmo tempo. Será insustentável para gente e partidos como o dele, que fingem ser de "direita" só para enganar a todos na velha estratégia das tesouras. As falhas e rachaduras na Matrix podem se tornem irremediáveis. É o que espero.

Mas para isso devemos manter a chama acesa. Isto quer dizer o seguinte: o tal estatuto do desarmamento merece ser derrubado imediatamente! Ou pelo menos colocado em votação novamente ou em referendo popular. Se a população se pronunciou com tal intensidade, nossos parlamentares não podem evitar que esta vontade seja feita pela metade. Todo o estatuto tem de ser revisto à luz desta nova percepção da opinião pública.

Que seja o início...

2 comentários:

Anônimo disse...

Não foram os mesmos brasileiros que votaram no Lula? São os mesmos brasileiros subservientes, covardes e imbecis adjetivados por Olavo de Carvalho?

Como a lógica conservadora binária trata esse paradoxo? (Posso aceitar os contorcionismos gramaticais e semânticos)

"É tempo de escolher um lado." Isto é simplista e limitante; existem muitos lados. Sem essa de Bem e Mal.

Peliteiro disse...

Violência gera violência; uso de armas implica mais uso de armas.
Sou pelo não à venda de armas, desde, claro, que o estado garanta a segurança.

A propósito, têm noção dos milhões de euros que estão a perder em receitas turísticas e investimento estrangeiro devido à imagem de país inseguro e violento?

Brasileiro é povo estúpido, vive com fome no meio da abundãncia. Azar serem descendentes de Portugueses; a estupidez é hereditária...