Percival Puggina em ótimo artigo para a Zero Hora (Porto Alegre-Brasil) sobre o aborto.
Amillia Taylor e o aborto
PERCIVAL PUGGINA/ Escritor
Você provavelmente não sabe quem é Amillia Taylor. Mas certamente lembra do caso. Há bem poucos meses, jornais do mundo inteiro falaram desse bebê, nascido na 21ª semana de gestação, medindo pouco mais de um palmo, com o peso de uma barra de sabão. Exatos 24 centímetros e 284 gramas. O caso de Amillia permanece como severíssima reprimenda ao egoísmo e à insensibilidade dos abortistas.
Depois da foto da menina, reclinada sobre a mão do médico, com seus pezinhos de dois centímetros, fica proibido para todo o sempre que alguém trate o feto como coisa. E não faz diferença se a foto é tirada semanas para trás ou para frente. A natureza permanece a mesma, assim como você, leitor, dentro de dois ou três meses, não terá deixado de ser o que é. Estará apenas dois ou três meses mais velho. Amillia, até nascer, obtinha da mãe os mesmos nutrientes que passou a receber do hospital. Os mesmos nutrientes que farão dela menina, adolescente e adulta. No útero, era tão dependente de cuidados para sobreviver quanto qualquer bebê após o parto. Pois há quem encare com frieza polar, com coração de picolé, o ato covarde de arrancar Amillias aos pedaços dos ventres maternos. Por que não fazem isso com alguém do tamanho deles?
A que título o fazem? Não raro sob o indecente argumento de que a mulher é dona do próprio corpo, onde se haveria infiltrado, insidioso, um monstrengo qualquer, um bebê de Rosemary, ou um tumor a exigir radical extirpação. Noutras vezes, mediante alegações emocionais, concebidas para justificar o injustificável. É claro que podem ocorrer fortíssimos motivos para um aborto voluntário. Terríveis dramas pessoais! Mas motivos não são razões da razão. Motivos igualmente fortes também levam a outros crimes e podem ser acolhidos como atenuantes, jamais como legitimação. E, menos ainda, podem originar leis que os liberem ou os regulamentem. Acolher motivos como se razões fossem seria a falência da própria razão e do Direito Penal.
O obstáculo que os abortistas não conseguem remover é a condição humana do feto. O argumento que não conseguem contornar é a incongruência de se legitimar a eliminação de uma vida humana inocente quando essa mesma sociedade preserva, justificadamente, os santuários ecológicos e até os períodos de reprodução de muitas espécies animais e vegetais.
Os defensores do aborto usam estatísticas como um caixa único de onde sacam os números que querem. Já mencionaram 400 mil óbitos femininos anuais causados por abortos clandestinos. As estatísticas do SUS registram uma centena. Sacam, agora, algo como 250 mil atendimentos hospitalares decorrentes de aborto. Mas omitem aquilo que toda mulher sabe: a maioria dos abortos ocorre naturalmente e gera, em grande parte dos casos, atendimento hospitalar.
A vítima do aborto é um Pequeno Polegar sem sorte. Tivesse bota de sete léguas sairia em disparada do cativeiro mortal onde o ogro o vem buscar. E o faria com o mesmo desespero com que enfrenta as pinças que o despedaçam.
Dias atrás, debatendo com um médico defensor do aborto, mostrei-lhe a foto de Amillia, e perguntei: "O senhor seria capaz de fatiar esta criança no útero da mãe?" Ao que ele, com um gesto de visível mal-estar, exclamou: "Eu não!"
Source: clicrbs.com.br
Um comentário:
Não há defensores do aborto. É preciso explicar isto quantas vezes? Há é pessoas que não querem ver na prisão mulheres que abortaram. Percebes a diferença. Eu já convenci uma pessoa a não abortar. Eu votei SIM. O facto de se prenderem mulheres que abortam não impede o aborto. Não é?
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