segunda-feira, julho 05, 2004

Socialismo: a "terceiriza��o" do altru�smo...

Estive pensando longamente por que um modelo falido como o socialismo
ou o comunismo - ou qualquer outra ideologia coletivista - t�m tanto apelo no subconsciente coleti�vo nacional.

Por exemplo: o 'novo' partido do rebeldes do PT. � claro que tinha que ter 'socialismo' obrigatoria�mente no nome, e se sa�ram com um nome digno de Ionesco:'Partido do Socialismo e da Liberdade', ou simplesmente P-Sol. Parece nome de doen�a capilar.. 'Livre-se da 'P-Sol'-r�ase!'

Retornando: A causa primordial � a estrat�gia gramsciana de ocupar os espa�os, emulando uma
sociedade "socialista" em toda a sua express�o cultural. Isto explica o atual estado das coisas e � percebido pelo uso da linguagem como arma de transforma��o social. Este esquema mental � t�o poderoso que at� not�rios pensadores liberais e conservadores acabam, em algum ponto, escorre�gando no discurso f�cil de "justi�a social" e cidadania, por exemplo.

Mas isso n�o poderia por si s� exercer tanta atra��o sobre por��es t�o grandes de nossa popula��o.
Por qu� o socialismo agrada tanto aos ouvidos das massas?

A minha opini�o � por que existe um outro componente: o discurso do desapego "material" e da caridade, contrabandeados sorrateiramente do universo crist�o para dentro do socialismo.

O altru�smo e a caridade s�o fortes elementos nas doutrinas crist�s, s� que o ator principal - dentro de sua concep��o - � o indiv�duo. A responsabilidade por tais atos pertence ao indiv�duo. Os conceitos de caridade e altru�smo n�o podem ser coletivizados. Mas isso n�o � considerado ou levado em conta e como o discurso se casa com o do igualitarismo, acaba projetando �s massas que a responsabilidade por ajudar os mais pr�ximos N�O � de responsabilidade do indiv�duo, mas do 'MODELO ECON�MICO'.

Dentro desta vis�o, a maldade impl�cita do modelo capitalista fica evidente, pois os elementos ou o 'mercado' n�o pensa no coletivo.Ent�o o modelo socialista � '�ticamente' superior ao modelo capitalista.

Com o socialismo como 'mocinho' e o capitalismo como 'bandido' neste tele-catch farsesco montado pela esquerda, n�o � de estranhar que a plat�ia tor�a entusiasticamente pelos primeiros.

Isto � particularmente atraente, principalmente entre a popula��o mais jovem, que acabam associando as responsabilidades pela caridade ou altru�smo ao Estado. O socialismo da "inclus�o social" e do igualitarismo seria ent�o a solu��o ideal para aqueles que se preocupam com os mais necessitados mas n�o querem perder tempo com tarefas relacionadas a isso. Como o igualitarismo � uma tarefa do Estado, eu - pessoa f�sica - n�o precisaria me preocupar com tais detalhes.
O Estado faria a sua parte, levando o bem-estar e os "direitos sociais" �s faixas mais carentes da popula��o. Simples, sem envolvimento pessoal, sem obriga��es .
O pre�o a pagar, na forma de altos impostos (embutidos em todos os bens e servi�os obtidos ou contratados pela popula��o) seriam uma justa medida, haja visto o n�mero aberrante de pessoas vivendo "abaixo da linha da pobreza" e a brutal desigualdade social neste pa�s.

O efeito colateral seria ainda mais ben�fico: resolvidas as responsabilidades sobre quem deve agir - no caso, o Estado - as pessoas, tranquilizadas (eu diria "entorpecidas") de que "algu�m"
estaria fazendo "a sua parte", estariam liberadas ent�o para se dedicarem ao que lhes � mais caro e importante - segundo a �tica dos formadores de opini�o deste pa�s - o seu pr�prio umbigo.

Na sociedade brasileira atual isto � terrivelmente vis�vel. Enquanto se espera do governo que gere o desenvolvimento, que resolva os problemas da "fome", da sa�de, da educa��o de toda a popula��o,
o que se espera dos indiv�duos?
Aos indiv�duos, resta o conforto de se preocupar com o que o Estado permite que sejam decis�es pessoais, que se resumem no que consumir, em que quantidade ou que frequ�ncia. Com o que sobrar.

Resumindo: O socialismo representa uma esp�cie de "terceiriza��o do altru�smo", no qual as pessoas acreditam por que a contrapartida tamb�m � vantajosa: libera as pessoas de terem de se preocupar com seu semelhante, afinal tal 'tarefa' caberia ao Estado. Mesmo a um pre�o alt�ssimo.

Esta tamb�m � uma das raz�es do sucesso do discurso coletivista em nosso pa�s.

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