F�lix Maier, em artigo publicado em 2002 tratou Olavo como "Denisovich" Carvalho - relacionando-o � obra de Alexandr Solzhenitsyn "Um Dia na Vida de Ivan Denisovich" - e terminava com a cita��o "dize-me o que pensas de Olavo de Carvalho e eu te direi quem �s".
Pois aqui fa�o minha humilde vers�o, reconhecendo a refer�ncia direta da den�ncia na obra do nosso fil�sofo com os "Rinocerontes" de Eugene Ionesco.
A similaridade da den�ncia social de Ionesco - baseada no espanto provocado pela convers�o generalizada de tantos pensadores livres aos ideais fascistas antes, durante e depois da segunda guerra mundial- e da den�ncia Olaviana de que vivemos num pa�s em que a elite intelectual de livre e espont�nea vontade tamb�m escolheu o mesmo caminho � impressionante.
O processo de imbeciliza��o coletiva preconizado nos artigos e livros de Olavo - principalmente no "Imbecil Coletivo", de 1996 - tem o seu precursor na not�vel obra teatral de Ionesco "Os Rinocerontes".
Nosso imbecil coletivo pode ser descrito como um primo muito pr�ximo dos rinocerontes Ionesquianos. Minha desconfian�a � que o imbecil seja o estado larval imediatamente anterior ao rinocerantismo. Com o mesmo teor absurdo.
A obra de Ionesco era baseada no sentimento do absurdo al�m da compreens�o sobre como a ra�a humana, especialmente a elite da elite - os intelectuais da Europa - pessoas livres e bem pensantes poderiam se dedicar a defender atrocidades totalit�rias em nome e em troca de abstratos "bons sentimentos".
A mesma situa��o se aplica ao cen�rio nacional. Mas Olavo n�o teve a mesma recep��o de sua plat�ia. Enquanto a obra de Ionesco at� hoje � cultuada como um vigoroso protesto contra os totalitarismos e o processo de boviniza��o do seres humanos, tal qual "1984", a den�ncia de nosso "Imbecil Coletivo" n�o teve o mesmo destino. Ao inv�s de desnudar o processo de imbeciliza��o �s massas, de modo cristalino e factual, o que se seguiu aqui foi a eleva��o de seu autor � categoria de celebridade com sinal invertido.
Se visitarmos alguns sites na internet ou f�runs de discuss�es iremos encontrar toneladas de palavras vazias e iradas contra a obra de Olavo. Muitas opini�es baseadas em outras opini�es, que s�o ainda criadas em laborat�rio pelos nossos engenheiros sociais.
Algumas vezes nosso fil�sofo parece ter se tornado n�o uma figura de carne e osso, mas mais uma "lenda urbana" que infestam a internet ("Olavo n�o existe" � um dos temas recorrentes nestes f�runs). Outras vezes � pintado como uma vers�o daquilo mesmo que est� a denunciar: um fascista, um nazista....
Quando as emo��es, os tais "bons sentimentos" vazios, destitu�dos de sentido mais amplo, dominam os argumentos de quem se pretende mudar o pa�s, s� posso chegar a seguinte conclus�o: Olavo, chegaste tarde demais!!
A imbecilidade coletiva j� se elevou ao "state of the art" neste pa�s. � quando o imbecil, encontrando seus pares em tal elevado n�mero se acredita poderoso o suficiente para definir o que seja "verdade". Para eles, a verdade n�o se revela no rec�ndito secreto de sua pr�pria consci�ncia. N�o, a verdade � o consenso do grupo. A vers�o atual de realidade, neste contexto pode ser definida como uma grande vota��o num reality show: o importante � "acertar" o que a maioria ir� decidir. Ficar com a maioria. Fazer parte do grupo. That�s reality...show.
Aos poucos que conseguem enxergar o processo - ao longe, tais como lobos solit�rios (pois � necess�rio uma dist�ncia profil�tica desta manada para evitar o cont�gio)- verificam a transforma��o do nosso jovem em imbecil, e finalmente de imbecil em rinoceronte.
A figura do rinoceronte � muito feliz nesta analogia: contra uma manada de rinocerontes enfurecida n�o h� nada que possa ser feito.
Chegamos tarde: os imbecis j� est�o em franco processo de rinoceriza��o. S� resta a n�s solit�rios lobos da estepe, o momento certo de correr....
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