quarta-feira, outubro 31, 2007

"Vai Para Casa, Padilha!"

Leiam o trecho da entrevista ("sabatina") à Folha de São Paulo do diretor do filme "Tropa de Elite". José Padilha opina sobre as causas da violência no Brasil. Acerta na primeira mas erra terrivelmente na segunda.



O cineasta José Padilha, 40, diretor do filme "Tropa de Elite" e do documentário "Ônibus 174", afirmou nesta terça-feira, em sabatina promovida pela Folha, que a pobreza não gera violência. Para ele, no Brasil, e mais especificamente no Rio de Janeiro, a violência é causada pelo Estado e pela polícia.
Padilha afirma que a idéia corrente no Brasil de que a desigualdade social gera violência não se sustenta. "O problema é que, no Brasil, esse argumento não resiste, porque estudos da ONU [Organização das Nações Unidas] mostram que alguns países da África têm situação pior que o Rio e não tem índices de violência como no Rio", disse.
De acordo com o diretor, entre os motivos que levam a polícia a "transformar miséria em violência" são a baixa remuneração e a corrupção. "Tem uma frase que resume isso no filme. E resume porque é mesmo assim. Pra você ser policial no Rio de Janeiro, ou você se omite, ou você se corrompe, ou vai pra guerra."
Padilha cita seu documentário "Ônibus 174" para justificar sua conclusão. No documentário, o personagem principal se tornou violento em decorrência da violência produzida pelo Estado. "O Estado produz essa violência na Febem, na prisão. Faz isso por muito tempo. Outra coisa é a violência policial, que gera mais violência".

Source: www1.folha.uol.com.br

Comentário:
É claro que pobreza não gera violência. Se fosse assim, África e Índia seriam os países mais violentos do mundo. Agora, por quê não usa o mesmo
critério comparativo para avaliar a segunda afirmação de que "a
violência é causada pelo Estado e pela polícia"?

Se fosse assim o período "negro" da história brasileira, a ditadura
militar (1964-1984) , onde havia muito "Estado" , "polícia" e
"repressão" seria o período de maior violência da história do Brasil. Mas não é este o caso. Neste período, a maior "violência" partiu dos grupos revolucionários marxistas e maoístas que queriam implantar no Brasil o comunismo "goela abaixo" desde o início dos anos 60 (e não como uma "reação" à "repressão").

Por outro lado culpar o "Estado" pelas causas da violência é recorrer ao mesmo discurso batido e mentiroso utilizado nas universidades brasileiras para entender (?) o problema da violência. O mais irônico é notar que Padilha utiliza a mesma explicação da violência brasileira que é criticada em seu filme. Padilha vê o mundo com um viés Foucaltiano que poderia  tranquilamente ser um personagem do seu filme. E dos mais bobocas.
Por isso acho que o efeito da "Elite" sobre a população brasileira foi um autêntico tiro pela culatra do seu diretor. Uma coisa é fazer ficção outra coisa é pretender utilizar a realidade para justificar uma ficção.
Deu certo em "Código da Vinci", mas Padilha botou realidade demais em sua fórmula. As pessoas ainda sabem separar quem são os "bandidos" e os "mocinhos".
Estou cada vez mais inclinado a acreditar que o "Capitão Nascimento" é que é real e que Padilha não passa de uma ficção. “ Vai para casa, Padilha!”






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