Quando Porto Alegre perdeu o Fórum Social Mundial, muitos empresários do ramo de hotelaria e a prefeitura lamentaram. Diziam que o evento trazia muitos turistas - e lucros - à cidade devido à fama mundial de "Capital da diversidade".
"Turistas"? Não poderia se chamar tal bando de arruaceiros e sabotadores de "turistas". Durante as edições do Fórum houve invasão e depredação de lojas do MacDonalds, centros de pesquisa de vegetais transgênicos, inclusive com a participação do "destruidor de MacDonalds" , o francês José Bové.
Enquanto isso o resto dos moradores de Porto Alegre, como eu, não tinha refresco: IPTU caro, impostos sobre serviços mais caros, desemprego alto. Ficava claro que , numa estranha equação, o poder público municipal priorizava "estrangeiros" durante os dias do Forum Social Mundial (inclusive financiando suas atividades) e relegava seus próprios cidadãos à segunda classe. Sim, por que é inconcebível querer manter o FSM por razões estritamente econômicas e não fazer nada durante os restantes 355 dias do ano para trazer desenvolvimento econômico à cidade.
Pois bem, depois desse parênteses, voltamos à carga. Os tais "turistas" preferenciais de Porto Alegre voltaram à cena: Uma conferência sobre reforma agrária da ONU está acontecendo na cidade e , é claro, novas aventuras dos turistas de sempre aconteceram.
Ontem, 08/03/06 um grupo de Sem Terra da Via Campesina, presentes ao evento, invadiram e destruíram o centro de pesquisas e centenas de mudas de eucalipto da sede da empresa de celulose Aracruz.
A empresa já anunciou que um novo investimento de mais de um bilhão de reais não será realizado no estado do Rio Grande do Sul.
O motivo da invasão? Segundo seus realizadores, a destruição era um alerta sobre a monocultura do eucalipto, que poderá transformar o estado num "deserto verde".
Não sei sobre o "deserto verde" , mas efetivamente o deserto de investimentos, empregos e desenvolvimento é o que este estado está pagando por ter se transformado em "refúgio preferencial de sabotadores e arruaceiros"
Existem estados no Brasil famosos pelo turismo de aventura, rural e até mesmo o "turismo sexual". O Rio Grande do Sul está inventando uma nova modalidade , o "turismo de destruição".
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