quarta-feira, abril 13, 2005
Anos 80: "Papa" was a Rolling Stone!!
O legado do Papa João Paulo II deve ser lembrado pelos seus feitos nos anos 70 e principalmente nos 80.
Nesta época ele foi um gigante, formando com Reagan uma dupla que literalmente mudou o mundo. E é por essa dimensão que deve ser lembrado.
Sua incansável peregrinação pelos países da cortina de ferro contribuiu em muito para a perda de credibilidade e sustentação dos regimes comunistas. Com Reagan na outra ponta perfazendo um ataque retórico contundente contra o “império do mal” o planeta conseguiu se livrar do que se chamou de “socialismo real” com a queda do muro de Berlin, em 1989.
Não quero aqui discutir se o comunismo realmente acabou – o que não acredito – mas na importância da “performance” papal para esta sucessão de eventos.
Outro ponto insuperável do seu mandato foi a defesa do tradicionalismo na igreja católica. Muitos debatem e desejam que a Igreja “avance”, acompanhando a pretensa evolução da sociedade. Mas não percebem que pretender que a igreja católica seja a favor do aborto, sexo fora do casamento ou o casamento entre homossexuais, por exemplo, pressupõe uma visão totalmente mundana da Igreja.
O que está por trás desta assertiva é a visão de que a religião católica – como todas as outras religiões – foi criada pelos homens numa e para uma determinada estrutura de sociedade. Ora, se a sociedade muda, a religião desta sociedade tem de mudar. O erro é brutal: na realidade são as religiões que definem a sociedade e não o contrário, sendo então a tentativa da sociedade querer mudar a Igreja algo como o rabo tentar abanar o cachorro.
Um segundo ponto é que toda a religião considerada verdadeira – como a católica- tem a pretensão de ser o canal entre Deus e os homens. No caso das religiões cristãs o canal, a mensagem, está descrito na Bíblia. Se o cristianismo considera a Bíblia a mensagem de Deus, seguirá a esta mensagem e nenhuma outra. Ora, se a tentativa de atrelar a religião à sociedade é uma consequência da idéia de que as religiões são fruto da sociedade, então se conclui que as religiões também não tem nada a ver com Deus, portanto a Bíblia não é a mensagem divina, mas um livro como outro qualquer.
João Paulo II, contrariando a ala dita “progressista”, manteve-se firme às tradições da igreja católica, mesmo angariando enorme contrariedade mundo afora. Sua defesa ao direito à vida, como no recente caso de Teri Schiavo, foi enfático e emocionante.
Por tudo isso, comparar o legado e a trajetória de João Paulo II ao comportamentos/comentários gerados por ocasião de sua morte, por exemplo, só fazem perceber a distância – e a profundidade – que descemos.
Os episódios envolvendo nosso caótico-católico presidente, sua “falta de pecados” às fofocas ao estilo “caras” sobre o embate entre os “progressistas” e “conservadores” (com torcida da mídia para que os primeiros “vençam”). Tudo isso, além de reportagens equivocadas – como aquela que o mostrava como prestes a “renunciar” no ano de 2000 – mostram em sua crueza a falta que uma figura como João Paulo já está a fazer.
Apesar de não ser católico, não posso me furtar de dizer que João Paulo II foi o papa mais importante que tive o prazer de conhecer.
Durante os anos mais importantes de seu papado pode-se dizer que João Paulo sacudiu o planeta, ficando exatamente onde sempre esteve: no coração da tradição cristã.
Um verdadeiro “rolling stone”...
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