Não escrevo desde Maio. Muita coisa aconteceu desde então.
Neste meio tempo estive fora também de Portugal, portanto duplamente "por fora". Antes de comentar a crise portuguesa, mais longeva, vou falar sobre a nova crise brasileira iniciada com os manifestos populares (ou nem tanto) e a sua percepção em Portugal.
A percepção média dos portugueses em relação ao Brasil até há um mês era de que estávamos "em pleno" crescimento, que o país estava "pacificado" e que tudo corria às mil maravilhas. Sempre perguntavam-me o que eu fazia aqui em Portugal se o Brasil é que estava bem.
Muito desta postura vem mesmo da admiração (meio contraditória) que a maioria dos portugueses têm pelo Brasil. Se for perguntar qual país gostariam de visitar, o Brasil vem em primeiro lugar. "Contraditória", por que, mesmo sob este panorama de fundo, muitas vezes o tratamento a um brasileiro de carne-e-osso é bem diferente.
Na verdade, os portugueses amam (ou odeiam, pois não há meio termo) não o Brasil real, mas o Brasil "para inglês ver". Também nós brasileiros conhecemos o Portugal caricato de Roberto Leal (o português que mais discos vendeu no Brasil) ou pouco mais. Mas os portugueses nos conhecem muito mais. Sabem quase todas as músicas sertanejo-forró-axé; conhecem todas as novo(a)s mus(o)as da MPB, muito mais do que eu (eu sou acusado de não ser "brasileiro" por nada conhecer de Maria Gadu, por exemplo....). Isso torna mais intrigante de como, nos conhecendo "melhor", tenham uma visão distorcida do Brasil real.Esta visão distorcida foi agudizada com a adição da propaganda oficial ao mito do Brasil que já vicejava por conta das novelas e músicas (país liberal, povo feliz, etc).
Pois o mito foi violentamente desmascarado com as manifestações. Me perguntavam o por quê, pois estava tudo "bem" no Brasil. O português sabe do Brasil pelas estatísticas de crescimento de 2010! E acham que tudo está igual desde então.
A todos até então dizia eu que o Brasil tinha e tem muitos problemas e que o que liam sobre o país não passava muito de propaganda oficial. Me olhavam de lado. Muitos desavisados vinham ao meu encontro para louvar Lula e o governo petista, pois afinal como brasileiro...
A queda do mito serviu para dar um choque de realidade ao que se passava do lado de baixo do Equador, à Leste. O noticiário daqui reflete muito mais, a partir destas manifestações, o humor real do Brasil com relação ao seu governo (ou desgoverno).
No fundo, serviu para confirmar que o caminho que o Brasil trilhou nestes anos (bolsa família, incentivo à crédito desmesurado, gastos públicos sem controle) é o mesmo que levou Portugal à crise. Com uma diferença: como Portugal não emite moeda, a inflação não teve qualquer abalo durante os anos de falsa expansão, muito ao contrário do Brasil, que enfrenta uma inflação muito acima de qualquer previsão.
Sobre os manifestos? De tudo o que ocorreu, de positivo foi a volta ao enfoque principal, como o movimento contra o Foro de São Paulo, por exemplo. O Brasil visto de fora é uma mocinha sendo mantida refém pelo bandido de mil braços. Muitos protestos foram apenas contra os braços do vilão, não seu cérebro.
6 comentários:
E nós não estamos nenhum pouco interessados no que os portugueses pensam ou deixam de pensar a nosso respeito a proposito no Brasil não se fala em PT, ou melhor aqui só se fala de PT nas aula de história do descobrimento somente.
E nós não estamos nenhum pouco interessados no que os portugueses pensam ou deixam de pensar a nosso respeito a proposito no Brasil não se fala em PT, ou melhor aqui só se fala de PT nas aula de história do descobrimento somente.
Você escreve estas merdas porque nunca passou fome nem foi preso ou perseguido. Caralho fascista de merda!
Antonio de Lima Guimaraes - Rio de Janeiro
Caralho filho da puta! A quem merda lhe importa o que pensem os tugas de nós? Bastante merda eles tem nesse pais de burros de que se ocupar!
Fica por lá e fala das coisas de lá! A ninguém lhe interessa a opinião de uma ratazana como tu! E nem estamos preocupados por aqui que os tugas pensem de nós.
Seu merda, nunca passaste necessidades, não é?!
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