sexta-feira, janeiro 22, 2010

"As Três Soluções" Belo Texto do Martim Vasques da Cunha

As três soluções | Dicta & Contradicta
"(..) Quando uma sociedade se descola propositadamente da realidade, toda a sua cultura se torna um instrumento de poder. E quando as pessoas pensam somente dentro de uma lógica de poder, é apenas um passo para uma guerra civil. Contudo, essa guerra civil não acontecerá de modo apocalíptico; é a destruição das instituições por dentro, como o cupim que come a madeira, para depois atingir a população numa letargia sem precendentes, da qual ninguém sabe mais de onde vem o mal que a aflige. A guerra civil se dará entre as famílias, entre os amigos, entre as pessoas mais queridas. E o fato de que, para destruir a sua vida, você não precisa mais de ter um inimigo e sim somente um bom amigo – eis a grande novidade do totalitarismo do século XXI.
(...)
Logo na sua abertura, Steinhardt, que foi preso pela Securitate (a KGB romena), fala sobre as três soluções que dão certo para o homem que tenta se manter íntegro em qualquer ambiente de espírito totalitário (e, por qualquer ambiente, entenda-se cultural, espiritual, político, social, etc.):

- A primeira é inspirada em Alexander Solzhenitsyn, o autor de Arquipélago Gulag: a partir do momento em que você for preso, depois de ter atravessado o interrogatório de uma Gestapo, de uma KGB ou de uma Securitate, decida-se pela seguinte resolução – você é um homem morto. Se decidir isso, nada mais tem importância; podem torturá-lo, xingá-lo, incitar seus amigos e parentes à traição, nada disso lhe atingirá. Porque, afinal de contas, você morreu para o mundo.

- A segunda é inspirada em um romance chamado As alturas ocas, de Alexander Zinoviev, a partir de um personagem apelidado de O Rebelde. Consiste na decisão pela total inaptidão em relação ao sistema. Você se finge de louco – aliás, torna-se o próprio bobo da corte; assim, pode gritar aos quatro cantos sobre as mazelas da sociedade que ninguém o escutará porque, afinal de contas, sempre será considerado pelos outros como um pinel de marca maior.

- A terceira é inspirada em episódios das vidas de Winston Churchill e de Vladimir Bukowski. Churchill afirmava que, mesmo com o pressentimento de uma guerra terrível, sentia-se rejuvenescido como se tivesse vinte anos; Bukowski não podia esperar pelo momento de ser chamado pela KGB e enfim ser interrogado porque queria entrar na sala “como um tanque de guerra” e gritar a todos a verdade sobre a Rússia. Esta é a decisão do “retroceder nunca, render-se jamais”; a de que é melhor quebrar do que vergar; a do sujeito que encontra suas forças mesmo quando o combate parece estar completamente perdido.

Steinhardt afirma que essas três soluções dão certo em termos práticos e ninguém lhe disse o contrário. São atitudes essencialmente a-políticas, mas, se realizadas com uma certa retidão, podem provocar terremotos consideráveis na política de nosso país. Afinal de contas, o totalitarismo que reina no Brasil é o da estupidez humana. Logo, por que ter medo?

E aí, leitor? Agora sou eu que lhe faço a pergunta: Qual é a solução que você prefere?"

Comentário:

Instintivamente, uso as três. Prefiro "quebrar" do que dobrar ao vento.

Em relação ao Brasil, o país está se tornando cada vez mais uma grande tribo, ou melhor, um formigueiro.

Lembro que nos anos 50 havia uma campanha que dizia "Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil".

Tornamo-nos todos saúvas e acabamos com o Brasil, transformado em um grande formigueiro de apatia e negação da realidade. Tudo para viver "bem" nesta comunidade.

Algo como uma civilização pré-colombiana qualquer assombrada pelos deuses da chuva, do trovão e de Antonio Gramsci.






Um comentário:

Cleber Mira disse...

Pessoal, vamos divulgar o partido LIBER em seus blogs. Surgiu uma oportunidade de termos novamente um partido cujo programa defende os ideais liberais e libertários.

Acessem e divulguem em seus blogs e comunidades virtuais:

http://www.libertarios.com.br/

Em especial acessem essa página:

http://www.libertarios.com.br/index.php/participe/liber-500

O partido precisa de assinaturas para poder disputar eleições.

Quero dizer que não sou filiado ao partido e peço apenas que o divulguem para que as nossas idéias liberais possam ter alguma oportunidade de serem implementadas.

P.s.: desculpe se de alguma forma esse post contraria a política do blog. Sinta-se livre para excluí-lo.