A recente eleição nos Estados Unidos para Senado, Câmare e governos estaduais rendeu ótimas manchetes. Algumas tão risíveis em sua arrogância "eu não disse que ia dar nisso" que só podem denunciar ainda mais a nossa (sim! As manchetes foram aqui do Brasil e não dos EUA!) total indigência em termos de jornalismo.
Até parece uma versão daquela velha história da família decadente que para manter a pose vende tudo o que pode, menos o que ainda a faz parecer "nobre". Só que a mídia nacional na hora de se desfazer dos bens em sua inexorável decadência, penhorou logo de cara os neurônios – e a humildade.
"Veja" é caso mais espetacular.
Depois de um bom par de anos centrando o fogo nos casos de corrupção do governo Lula, mostrando que, para o jornalismo petista-"ético" (juntando estas palavras poderíamos criar um um acrônimo original :"PaTético" ), roubar dinheiro público é muito mais grave do que liderar uma revolução "de veludo" continental com narco-terroristas. E, ah...Não me venham de novo com aquele papinho anti-anti-petista típico de idiotas idealistas (idioalistas?) tipo "..e lá vem ele de novo com esta conversa de Olavete sobre o 'Foro'...", sorry folks: Se vocês tem fixação pela "ditadura", "os anos de chumbo", "os porões do regime militar", que não passava – e passa – de desculpa para ganhar uma graninha fácil, vão se tratar! A 'fixação' pelo papel central do "Foro de São Paulo" em explicar a situação atual do Brasil e da América Latina é a luta para a verdade vir a tona! Não julguem uma justa obsessão pela verdade pelos mesmos motivos de sua fixação anal pelos militares. Seus comentários encharcados de pose de tédio blasé pretensamente superior não passa de dissimulação.
Pois bem, A "Veja" então volta a chafurdar no mesmo discursinho míope de sempre. Sua manchete de capa da semana: "O Rei está Nu - Enfim, os americanos entenderam o que todo mundo sabia: o bushismo se esgotou."
Manchete mentirosa e análise mais capenga ainda.
Só para dar um contraponto. Se tu fores visitar o site da comentarista conservadora mais famosa nos Estados Unidos – e odiada – Ann Coulter (aviso aos não iniciados: ela não é um Arnaldo Jabor conservador e de saias. Ela é inteligente e articulada, sua ironia corrosiva é um plus e não o centro de atenção de suas análises) previa no dia 01/11, não com base em achismos, pitacos sem a menor base – como é típico de brasileiros famosos em véspera de eleições -, mas em estatísticas deste tipo de eleição (chamada mid-term) tomadas desda a Guerra Civil (é, lá eles votam há muito tempo..) que o partido Republicano perderia porque TODAS as eleições deste tipo foram ganhas pelo partido em oposição ao presidente. Mais: amparada pela média histórica, os democratas iriam ganhar de "30 cadeiras na câmara e quatro ou cinco no Senado". Bingo. É claro que esta vitória dos democratas seria decantada como "a" Vitória "por gerações", segundo Coulter. E desta vez sem denúncias de fraude!!
A foto mais representativa da derrota de Bush foi sua primeira reunião com a nova líder da câmara Nancy Pelosi. Para ter uma idéia de quem estamos falando, Pelosi se opôs à primeira Guerra do Golfo em 1991 pelo belo argumento de que causaria um sério desastre ambiental no Kuwait (Coulter - "How to talk to a liberal" - página 35).
Olavo de Carvalho põe o dedo na ferida de modo mais direto pois a derrota de Bush se deve mais a fatores internos do que externos. E neste ponto Bush foi mais democrata do que republicano: "gastos públicos, imigrantes e legislação eleitoral", ou seja, a derrota se deveu ao fato de que Bush se rendeu à agenda democrata nas questões internas. Bush na verdade não tem nada a ver com o que a imprensa míope quer enxergar nele. A não ser pelo pecado de ser cristão e ter ido a uma guerra justa mas de modo não muito bem planejado. O cacoete anti-cristão de nossa imprensa impera sobre a objetividade de qualquer análise.
Já outro comentarista conservador, Rush Limbaugh, não cai em outro conto: o de que os democratas eleitos seriam mais conservadores do que a cúpula do partido democrata. Seriam os "democratas conservadores" - o que para mim é o cúmulo da contradição visto que o partido democrata prega o aborto sob qualquer circunstância e o casamento gay como propostas de governo.
Ele diz "sei que muitos votaram para alguns novos neo-conservadores democratas na Câmatra, mas a grande parte de democratas tradicionais se manteve. Então, eu penso que as pessoas votariam em conservadores se fosse dado uma razão para isso. Aparentemente manter 'liberais' fora do poder não era razão suficiente para as pessoas votarem em conservadores. Dizem que é por que não havia candidatos realmente conservadores competindo pelos republicanos. Sei disso, mas haviam 'liberais' em todos os lugares e eles acabaram ficando mais fortes. Recuso a acreditar que as pessoas não tenham parado para pensar nisso. De qualquer modo, você acaba num ponto em que tudo o que se pode fazer é dar risada". Concordo plenamente com Limbaugh. Talvez a razão para votar nos democratas teria sido mesmo manter as estatísticas dentro da média histórica...
Quanto à cobertura nacional, só resta mesmo dar risada... Enquanto o "controle popular dos meios de comunicação" não ri por último aqui no Brasil.
2 comentários:
Ótimo artigo.
Realmente, todos os candidatos democratas eleitos não são conservadores, mas alguns são. Inclusive falam contra o aborto, casamento homssexual, etc. A Hillary Clinton nesses dias disse que o Partido Democrata precisava retirar dos republicanos o monopólio da moral.
Acredito que esses conservadores democratas irão fazer o papel que alguns petistas aqui no Brasil fazem quando se posicionam contra o aborto, por exemplo, vão contra a cartilha do partido, mas é melhor ao Partido Democrata ter um "obstáculo" amigo aos seus projetos. Um obstáculo, diga-se de passagem, que impõem um resistência de inércia.
Mais um vez, parabéns pelo artigo.
Edson
www.conservadoredai.blogspot.com
Que artigo excelente!
Parabéns por tudo: pela análise correta, pela seriedade e inteligência, pelo tom informal e simpático.
Espero que você escreva mais, e sempre!
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