quinta-feira, agosto 31, 2006

Havana - A Cidade Descoberta


Fui ver "A Cidade Perdida" do Andy Garcia.
Isto quer dizer que "sim", este é mais um post sobre o filme. Ainda dá tempo de desistir, afinal vocês já devem ter lido o excelente artigo do Ipojuca Pontes no Mídia Sem Máscara , "Uma Ode a Cuba Libre" ou o que a minha amiga Norma Braga já escreveu sobre ele em seu ótimo blog "Flor de Obsessão".

Bueno, como vocês continuam por aqui, prosseguimos.

"A Cidade.." é um grande filme. É um filme pessoal e esta é a razão de sua grandeza.
É um grande filme "ruim". "Ruim" por que a falta de orçamento é evidente na recriação da Cuba dos anos cinqüenta. Qualquer nulidade como "Reis do Mambo" tem mais cenários, figurantes, coreografias em cinco minutos do que os 136 minutos d'"Cidade".

Mas tem algo que os outros não têm: Alma.

Não, não é um filme sobre Cuba, no sentido histórico e geográfico. Nem sobre ideologia.

A Cuba do filme é uma pátria universal. É aquela a 'pátria' que todos sonham fazer parte , mas que na verdade já o fazem sem percber. Esta pátria é a célula-mater de qualquer pátria digna deste nome: a família.

Este sentimento de apego ao mais básico e fundamental dos grupos - a família - é a conseqüência direta do esfacelamento, da implosão (ou literalmente a explosão) do que se convenciona chamar de pátria num país como Cuba. Lá a ditadura sangrenta de Fulgêncio Batista foi seguida por algo ainda muito pior sob Castro.

Uma cena - não é a mais dramática - marcou: Quando Luis - o irmão mais novo do personagem de Andy - diz que precisa cortar as ligações com sua família e sua própria esposa em favor da revolução ("para proteger vocês" diz ele) significa o quanto uma idéia revolucionária pode tirar o indivíduo do foco da única pátria que ele tem o dever de se manter - esta mesma família. Sua adesão ao movimeto revolucionário significou a sua desistência em permanecer na família - a sua pátria original. E o que é um homem sem sua "pátria"? Nada.

O filme também traz uma visão realista do que foram Batista e Castro. A representação de Che também está perfeita.

Ao final uma volta ao conceito original: um homem pode perder seu país, pode perder seus bens, pode perder o seu amor e até mesmo a sua família. Mas ela - a família (sua pátria original) ainda viverá com ele.

Enquanto houver um só homem livre - aí estará com eles também a sua família e nela , simultaneamente, a sua "pátria"!

Isto significa que mesmo longe de seus país, estes fazem parte de uma verdadeira "pátria", coisa que quem permaneceu na ilha não possue e dificilmente terá de volta - mesmo vivendo em seu território.

Viva Cuba Libre!!!



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