A alienação instituicional a que a geração de 64 está a promover em todos os sentidos culturais da vida nacional criou um novo termo: o patrio-idiotismo.
Desde os anos 70, como uma reação vingativa ao fracasso da revolução totalitária da década anterior, a esquerda militante que tomou conta das redações, salas de aula e até tribunais deste país - para não falar na vida cultural - vem promovendo a destruição dos valores e dos símbolos que representem a nação brasileira. Nada ficou de pé nesta fúria iconoclasta que parecia dizer "se não conquistamos o país, não verá país nenhum". E desde então seguimos nesta vereda. A pedra de toque era a associação de qualquer símbolo de patriotismo ao apoio ao regime militar.
Eu mesmo, nos meus anos de escola, sentia raiva de ter de cantar Hino Nacional, ensaiar "marcha" e outras coisas para o dia sete de setembro. E olha que eu nem sabia muito o por quê deste desconforto...
Findo o regime militar em 1985, a cada novo governo civil, mais desconsideração e indiferença para com os símbolos da pátria. E cada vez mais o anti-americanismo grassando. Acho que tem um paralelo bastante claro nisso. Um dos fatores de distinção dos americanos e o resto do mundo é o seu grande respeito para com seus símbolos pátrios. O dia da independência - 04 de julho - é uma festividade acima de tudo popular antes de ser oficial. No afã de promover o anti-americanismo acredito que até a negação do patriotismo foi uma ação bem pensada: ao mesmo tempo condenava os militares e também indiretamente os americanos e seu patriotismo popular.
Ontem foi dia 07 de setembro. Há alguns anos aqui no Brasil este dia não passa de mais um "feriado". Cada vez menos pessoas saem de casa para ver, ou exibir alguma demonstração de civismo.
Nunca, em tempo algum da minha existência, senti algo parecido com o que acontece agora no Brasil. Paira sobre este país uma ameaça tão séria à tudo o que representa uma nação. Uma ameaça muito maior do que aquela vencida em 1964. A descontrução de nosso país pela tropa de choque de Gramsci chega a seu ápice. Eu pelo menos tenho a plena consciência de que estamos efetivamente à beira de um abismo. E ao contrário do que aconteceu naquela época, não temos nada a defender.
Não temos um conceito de pátria ou país a defender. Não temos uma sociedade com valores morais a defender.
Nossa defesa agora é mais modesta. Tentamos apenas defender nossas próprias famílias e círculos da amigos. Esta é a nossa verdadeira pátria. A única a que nos resta defender.
Me considero um alienado por opção: não vejo televisão, não participo dos debates mais empolgantes de nossa sociedade sobre "Big Brother Brasil" e a última novela das oito. Esta definitivamente não é a minha pátria. Deixo-a com prazer para os patrio-idiotas, que pensam que a expressão máxima de amor à pátria é a demonstração de ódio cego à outras nações, como dizia Roberto Campos.
Minha geração busca uma pátria que não existe, ou quem sabe nunca existiu: uma pátria na qual possamos nos orgulhar de fazer parte. Aquela que fica no lado certo quando tem de se decidir, aquela que não se ausenta de lutar contra os inimigos da democracia e da liberdade. É aquela, que víamos na sessão da tarde, em filmes preto e branco e nos orgulhávamos de seus feitos como se fossem nossos....
Esta é a pátria - na qual nunca tive o prazer de viver - que merece o meu respeito e minhas homenagens.
E esta pátria onírica tem apenas duas datas a comemorar: 31 de março de 1964.
E 4 de julho de 1776....
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