quinta-feira, janeiro 20, 2005

Até a última bala...

O governo acaba de dar mais uma volta no torniquete.

Se para ser diplomata nem é necessário saber língua estrangeira, bastando ter “caspa nos ombros”, para a segurança pessoal o governo Lula caminha para a mesma linha minimalista-suicida.

Desde o ano passado é proibido à população em geral a posse de qualquer arma de fogo, conforme previsto no “estatuto do desarmamento”. Assim mesmo, foi concedido a possibilidade de posse de armas para casos especiais (militares, seguranças, entre outros). Pois bem, agora nem mesmo os casos em que se libera a posse de armas terão assegurado o seu direito à segurança: foi aprovado um outro decreto que limita a posse de munição a, pasmem, cinquenta projéteis ao ano!!!

Quer dizer que o governo federal definiu o número máximo de bandidos – aos que ainda podem portar armas – contra os quais podem se defender. Aos bandidos, sabendo exatamente quem tem posse de armas, cabe contar. Ao final do quinquagésimo disparo, podem enfim praticar impunemente seus crimes.

Uma notícia tão aterradora, até kafkafiana, para o meu espanto ainda maior, recebe um tratamento completamente amorfo e anódino de nossa imprensa e opinião pública.

Além de impedir a completa possibilidade do cidadão proteger o seu patrimônio, a sua vida e a de sua família,somos brindados ainda com o impossibilidade de usá-las, caso sua posse seja concedida.

Este é ou não é um prenúncio de algo maior? Qual seria a intenção de um governo que impede, primeiro pelos meios constitucionais – não atacando o crime organizado, liberalizando os critérios de concessão de condicionais, descriminalizando o tráfico de drogas, tudo dentro de um rótulo de “debate com a sociedade” em que se faz tudo, menos debater com esta sociedade – depois pelos meios ilegais e de intimidação do indivíduo – estatuto do desarmamento – a possibilidade mínima da sociedade ser defendida e de se defender por conta própria?
As possibilidades de realização de um governo que tem o congresso nas mãos, o controle do judiciário e a garantia de não-reação popular são infinitas.

A nossa última garantia contra um governo autoritário seriam os militares. O problema é que eles estão anestesiados, esperando a Amazônia ser invadida pelos americanos.

O que resta? Se houver mesmo um avanço do governo federal nesta direção – a de um totalitarismo “light” à la Chavez, que vai se endurecendo gradativamente – não há chances dentro de uma estrutura legal. A definição do que é legal ou permitido vai ser continuamente encolhida, até que estejamos fora da sua linha demarcatória. Restarão então três saídas: a resistência compulsoriamente “ilegal” ou a saída do país.
Ah, esqueci da terceira. Esta é mais simples: é uma sugestão a todos aqueles que ainda tem a possibilidade de usar armas de fogo de que não gastem todos os 50 projéteis de sua “libreta de racionamiento” de munições. Guardem esta última bala. Ela pode ser o passaporte para a única saída possível.

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